O excepcional temporal que atingiu nos últimos dias o norte do Chile matou ao menos dez pessoas, informou na noite desta sexta-feira o governo em Santiago, após iniciar os trabalhos de reconstrução.
"Temos um décimo falecido em Atacama, na localidade de Chañaral", uma das mais afetadas pelas chuvas, e permanecem 19 pessoas desaparecidas", disse o subsecretário do Interior, Mahmud Aleuy, em entrevista coletiva.
Após dois dias de precipitações, o sol voltou a brilhar na região de Atacama, 800 km ao norte de Santiago, revelando a destruição provocada pela cheia de vários rios, que arrastaram tudo em sua passagem.
A presidente Michelle Bachelet - que prolongou sua visita à região para coordenar os trabalhos de reconstrução - disse "está se avançando para normalizar a situação".
A abrupta cheia dos rios - que por anos permaneceram secos - arrasou pequenos povoados e destruiu centenas de casas em localidades como Alto del Carmen, Tierra Amarilla, Chañaral, Diego de Almagro e Copiapó. As chuvas também atingiram severamente a cidade de Antofagasta.
Sete óbitos ocorreram em Atacama e três em Antofagasta, além de 5 mil desabrigados e 8 mil residências afetadas.
Em Atacama, mais de 100 escavadeiras trabalham para desobstruir as estradas, enquanto a zona permanece sob o estado de exceção por catástrofe, sob a autoridade das Forças Armadas, que decretaram o toque de recolher.
Entre os milhares de afetados está Victor Zamora, um dos 33 mineiros que foram resgatados após passar mais de dois meses presos na mina San José, em Copiapó, a partir de agosto de 2010.
"Esta é mais uma tragédia, perdemos tudo", disse Zamora à AFP, na cidade de Tierra Amarillo, devastada por inundações.
Sua casa foi arrastada pelas águas na madrugada desta terça-feira, assim como a maioria dos habitantes de Tierra Amarilla, uma pequena cidade mineira perto de Copiapó (800 km ao norte de Santiago).
"Nós estávamos dormindo. Eram cerca de três horas da manhã. Conseguimos sair apenas com a roupa do corpo", contou o mineiro, que em outubro de 2010 foi o 14º a ser resgatado da mina San José, onde ficou preso com outros 32 companheiros por 69 dias em mais de 600 metros de profundidade.
"Nós ficamos sem nada, mas entre os vizinhos estamos tentando nos ajudar", acrescentou Segovia, que depois de viver uma história dramática de sobrevivência não conseguiu mais encontrar um emprego permanente.