Venezuela confirma a morte de 48 detentos por intoxicação

Mais de 140 pessoas foram envenenadas durante uma greve no Centro Penitenciário David Viloria, em 26 de novembro

10 dez 2014 - 18h47
(atualizado às 20h22)
<p>Parente de um detento vítima de intoxicação chora enquanto aguarda por informações da prisão David Viloria em Barquisimeto, Venezuela, em 27 de novembro</p><p> </p>
Parente de um detento vítima de intoxicação chora enquanto aguarda por informações da prisão David Viloria em Barquisimeto, Venezuela, em 27 de novembro
Foto: Dedwison Alvarez / AP

A ministra de Serviços Penitenciários da Venezuela, Iris Varela, confirmou nesta quarta-feira a morte de 48 detentos em uma prisão no oeste da Venezuela pelo consumo indevido de um coquetel de remédios durante uma greve em novembro.

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"Eu não gosto de falar desse número, eu prefiro dizer que mais de 100 pessoas que ingeriram esse coquetel se salvaram e há ainda os que estão lutando para sobreviver", disse Varela durante uma entrevista na emissora de televisão Globovisión ao confirmar que 48 prisioneiros morreram intoxicados.

"Graças a Deus foram mais os que se salvaram que os que morreram", acrescentou.

A máxima autoridade penitenciária do país assegurou que seu escritório continua com as investigações sobre o incidente ocorrido no Centro Penitenciário David Viloria, no estado de Lara, no último dia 26 de novembro, onde além dos mortos, 145 pessoas foram envenenadas, das quais 20 permanecem em coma.

Segundo o Ministério Penitenciário, nesse dia "alguns detentos tentaram assaltar o posto de saúde e ingressaram violentamente na área de enfermaria, (...) onde ingeriram vários medicamentos", em sinal de "insubordinação" para pedir a destituição do diretor do centro.

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Varela, que não deu detalhes de como ocorreu o incidente, indicou que nesse dia "houve problemas nos quais participaram funcionários penitenciários (...) onde há a participação dos próprios detentos, e onde se está investigando a participação de funcionários militares".

Três dias depois dos incidentes, o Ministério Público venezuelano ordenou a investigação do que considerou uma "situação irregular" na prisão.

Por sua suposta responsabilidade nos fatos ocorridos foi detido o apontado pelo Ministério Público como diretor deste centro, Julio Cesar Pérez. Segundo Varela, Pérez era o diretor de outro centro penitenciário e não de David Viloria, onde se encontrava enviado por ela para investigar irregularidades que tinham sido denunciadas pelos parentes dos prisioneiros.

A ministra venezuelana atribuiu as falhas dentro do sistema penitenciário "às máfias que transformaram as prisões em uma indústria".

No dia 19 de outubro de 2012, o governo da Venezuela decretou uma emergência "em matéria de infraestrutura carcerária" para a recuperação ou construção de novas prisões, depois que o primeiro trimestre daquele ano terminou com 304 presos mortos e 527 feridos por causa de diferentes motins e rixas nas prisões.

No entanto, a ONG Observatório Venezuelano de Prisões denunciou em agosto que 150 presos morreram e 110 ficaram feridos no primeiro semestre deste ano, ao afirmar que seguem "sem solução estrutural os graves problemas nas prisões" do país.

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