Venezuela: jornalistas denunciam 74 agressões; Justiça investiga

23 mar 2014 - 21h32
(atualizado às 21h33)

A procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega Díaz, admitiu neste domingo que foram cometidos abusos policiais nos protestos da oposição e que são investigados 60 possíveis casos, enquanto jornalistas denunciaram 74 agressões de parte da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que prometeu cessar estas práticas. "Sim, tem havido excessos policiais, mas estamos investigando no Ministério Público, atualmente temos)60 investigações por suposta violação aos direitos humanos", disse Ortega em declarações ao canal local Televen.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) expressou sua "preocupação com as consecutivas violações dos direitos humanos que vêm ocorrendo nas últimas semanas na Venezuela, particularmente agressões e ataques contra jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos, meios de comunicação e cidadãos no exercício da info-cidadania", destacou uma denúncia entregue à GNB.

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Entre estes 60 possíveis casos, "há três funcionários da polícia de Chacao (município opositor no leste de Caracas) aos quais se atribui o suposto crime de homicídio", acrescentou a funcionária.

Ortega destacou que as autoridades mantêm presos 15 funcionários acusados de cometer abusos, mas reforçou que se tratam de condutas isoladas que não respondem a qualquer ordem de superiores.

"Houve excesso de alguns funcionários policiais, mas não é que o chefe da GNB reúna seus funcionários para dizer a eles que violem os direitos humanos", acrescentou.

A Venezuela é sacudida desde 4 de fevereiro por uma série de protestos antigovernamentais para denunciar a inflação de 57%, a escassez de alimentos e produtos básicos, os abusos policiais e a detenção de políticos opositores.

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A procuradora explicou que os atos violentos ligados às manifestações deixaram "31 mortos, dos quais seis são funcionários públicos, entre os quais há um promotor do Ministério Público".

Semanas atrás, o MP informou a detenção de cinco agentes do serviço de inteligência por supostas ligações com a morte de dois manifestantes após o primeiro protesto maciço em Caracas, em 12 de fevereiro.

A Organização Fórum Penal denunciou, dias atrás, que reunia elementos sobre 59 possíveis casos de tortura por parte de forças da ordem contra manifestantes.

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), por sua vez, denunciou neste domingo o registro de 74 agressões a comunicadores por parte da GNB durante a cobertura dos protestos na Venezuela.

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O SNTP expressa sua "preocupação com as consecutivas violações dos direitos humanos que vêm ocorrendo nas últimas semanas na Venezuela, particularmente agressões e ataques contra jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos, meios de comunicação e cidadãos no exercício da infm-cidadania", destacou uma denúncia entregue à GNB.

De 12 de fevereiro, quando começaram os protestos maciços em Caracas, a 22 de março, "foram registradas 74 agressões por parte de funcionários da GNB" contra trabalhadores da imprensa, "inclusive 32 casos de intimidação, 18 casos de detenções, 13 casos de agressões físicas, e 11 casos de roubos de equipamentos de trabalho e de material fotográfico ou audiovisual", acrescentou.

A denúncia foi feita durante reunião de um grupo de comunicadores com comandos da GNB em Caracas e na qual os militares se comprometeram a empreender ações para parar com as agressões a profissionais da imprensa.

No encontro, o general Manuel Quevedo, um dos dirigentes da GNB, admitiu que têm sido cometidos excessos e se comprometeu a "minimizar focos de violência contra jornalistas".

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O comandante Justo Noguera Pietri, por sua vez, assegurou que "há proibição para deter jornalistas em nível nacional".

As mais recentes detenções de jornalistas ocorreram na tarde de sábado, durante enfrentamentos entre radicais e forças da ordem, horas depois de concluída, no leste de Caracas, uma manifestação opositora que reuniu umas 20 mil pessoas. Os dois comunicadores permaneceram presos durante algumas horas.

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