As forças de segurança venezuelanas têm utilizado força excessiva para reprimir os protestos, provocando a morte de dezenas de pessoas e prendendo arbitrariamente cerca de 5.000 indivíduos desde abril, incluindo 1.000 que permanecem detidos, disse nesta terça-feira o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.
A ONU pediu que o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, controle as forças de segurança, investigue supostos abusos e liberte pessoas de prisões arbitrárias.
Na sexta-feira, a Venezuela inaugurou a Assembleia Constituinte que tem autoridade de reescrever a Constituição do país e dar amplos poderes ao governista Partido Socialista, desafiando protestos e a condenação de parte da comunidade internacional, que considera que o órgão infringe as liberdades democráticas.
"Nos preocupa que a situação na Venezuela esteja piorando e que essas violações aos direitos humanos não mostrem sinais de diminuição, de forma que estamos preocupados com a direção para a qual isso caminha", disse a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, em entrevista coletiva em Genebra.
"A responsabilidade pelas violações aos direitos humanos que estamos denunciando recaem sobre o mais alto nível do governo", acrescentou.
A destituição da procuradora-geral, Luisa Ortega, uma crítica do governo, foi o sinal de uma "crescente enfraquecimento de instituições democráticas e de instituições independentes", disse a porta-voz, pedindo que o governo garanta sua segurança.
Nesta terça-feira, a suprema corte da Venezuela ordenou a prisão do prefeito de oposição Ramón Muchacho, do distrito de Chacao, local de intensos protestos anti-governo.
Em conclusões preliminares com base em 135 entrevistas realizadas remotamente e no Panamá, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos disse que investigou 124 mortes, das quais 46 foram atribuídas às forças de segurança e 27 a grupos armados pró-governo, enquanto a causa das outras não está clara.