Americano 'invade' a Coreia do Norte para criticar os EUA

15 dez 2014 - 13h26

Um cidadão americano afirmou no domingo ter entrado ilegalmente na Coreia do Norte, um dos regimes mais fechados do mundo, para denunciar os EUA por violações de direitos humanos.

Arturo Martinez, um técnico em informática nascido em El Paso, cidade do estado americano do Texas bem próxima à fronteira com o México, foi apresentado na capital norte-coreana, Pyongyang, numa entrevista coletiva em que se sentou debaixo de um retrato dos ex-líderes Kim Jong-il e Kim Il-sun.

O homem, de 29 anos, alega ter conseguido entrar em território norte-coreano ao cruzar o rio Yalu, que separa o país da China.

Segundo as autoridades norte-coreanas, Martinez teria chegado ao país em novembro, dois dias depois de o presidente da Central Americana de Inteligência (CIA), James Clapper, ter ido a Pyongyang para negociar a libertação de dois americanos presos na Coreia do Norte – ambos já foram libertados.

'Bipolar'

Martinez afirmou ter escolhido a Coreia do Norte para divulgar sua mensagem por sua "tendência socialista" e por seu "desafio ao poder imperialista americano ao longo da história".

Sua aparição foi ainda mais surreal porque o local usado para apresentá-lo à imprensa foi o Palácio Popular da Cultura, que é normalmente o cenário usado nas ocasiões em que as autoridades norte-coreanas exibem desertores que retornam ao país.

A surpresa só aumentou quando o americano disse não estar detido e ter entrado na Coreia do Norte por meios proprios. Ele fez duras críticas aos EUA e afirmou que a democracia americana é "uma ilusão".

Durante o evento, ele expressou o desejo de pedir asilo à Venezuela.

Uma funcionária do Departamento de Estado dos EUA, Marie Harf, disse que que o órgão está pronto para prestar assistência consular a Martinez.

Nos EUA, a mãe de Martinez, Patricia, disse à CNN que o filho sofre de transtorno bipolar.

Segundo ela, Martinez havia tentado anteriormente entrar na Coreia do Norte, mas tinha sido detido e deportado. Na ocasião, ele foi internado num hospital psiquiátrico da Califórnia.

"Mas ele conseguiu uma ordem judicial para ser liberado e em vez de voltar para casa comprou uma passagem para a China, com dinheiro de um empréstimo que fez pela internet", explicou a mãe.

"Ele disse que queria proteger os latinos e se preocupava com a população mundial. Gosta de ajudar os pobres."

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