Amostras de esgoto de Paris mostram que Covid-19 ainda não foi eliminada

23 jul 2020 - 15h28

Amostras de água residual do sistema de esgoto de Paris têm mostrado indícios da Covid-19 desde o final de junho, apesar de estes terem desaparecido quando a França impôs um isolamento, de acordo com o chefe do laboratório que realiza a pesquisa.

Cientista segura amostra de água em laboratório da Eau de Paris
22/07/2020
REUTERS/Benoit Tessier
Cientista segura amostra de água em laboratório da Eau de Paris 22/07/2020 REUTERS/Benoit Tessier
Foto: Reuters

As taxas de infecção estão recuando no país, mas nesta semana autoridades tornaram o uso de máscaras obrigatório em espaços públicos fechados em reação a uma série de focos novos localizados. Até o momento, a Covid-19 já matou mais de 30 mil pessoas na França.

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Estudos iniciais de cientistas da Holanda, França, Austrália e outros locais levam a crer que as amostras de esgoto para detecção do coronavírus SARS-CoV-2 podem ajudar a estimar o número de infecções em uma área geográfica sem que se precise examinar cada pessoa.

Laurent Moulin, que comanda o laboratório de pesquisa administrado pela empresa de água pública Eau de Paris, alertou que as descobertas em si mesmas não significam um ressurgimento do vírus na população desde que o país relaxou as restrições do isolamento.

Mas, disse Moulin, quando vistas em conjunção com outros dados, podem ser um alerta precoce útil sobre a disseminação do vírus, mesmo antes de as pessoas se sentirem doentes o suficiente para procurar assistência médica.

"Tivemos o isolamento, que reduziu o número de pessoas doentes, e um pouco depois vimos uma redução da concentração de SARS-CoV-2 na água residual", disse Moulin, referindo-se à cepa do vírus por trás da epidemia de Covid-19.

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"O que estamos vendo desde o final de junho? Vimos algumas localidades que estavam negativas (para indícios do vírus) e que estão se tornando positivas."

As taxas de infecção estão diminuindo em Paris, em linha com a tendência nacional.

Funcionários da usina de tratamento de esgoto de Noisy-le-Grand, no extremo leste da capital, enchem garrafas plásticas com água residual e as colocam em uma caixa térmica. Estas são levadas ao laboratório localizado nos arredores do sul da cidade, e ali pesquisadores com trajes contra ameaças biológicas e máscaras as analisam.

Os testes com amostras de água residual detectam genomas do coronavírus, fragmentos do material genético do vírus que não são infecciosos e podem ser emitidos por pessoas sem sintomas.

Moulin disse que os indícios que sua equipe recolheu no sistema de esgoto serão aplicados a modelos que estão sendo usados para analisar a progressão do vírus.

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Em abril, pesquisadores de Paris publicaram resultados que mostraram como recolher amostras de água residual da cidade durante um mês rastreou a mesma curva de crescimento e de queda da epidemia.

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