ANÁLISE-Kamala Harris pode ser um alvo difícil de atacar para Trump

12 ago 2020 - 11h36

A escolha de Joe Biden da senadora Kamala Harris para ser a candidata à Vice-Presidência em sua chapa na eleição presidencial dos Estados Unidos oferece um novo alvo à campanha de reeleição do presidente Donald Trump que tem sofrido para encontrar uma linha de ataque eficiente contra seu adversário democrata, mas atacar Harris tem seus próprios riscos e desafios.

Senadora dos EUA Kamala Harris em Machester, no Estado norte-americano de New Hampshire
07/09/2019 REUTERS/Gretchen Ertl
Senadora dos EUA Kamala Harris em Machester, no Estado norte-americano de New Hampshire 07/09/2019 REUTERS/Gretchen Ertl
Foto: Reuters

Poucos minutos após o anúncio de Biden, na terça-feira, Trump chamou Harris de "desagradável", "horrível" e "desrespeitosa", enquanto sua campanha a pintava como uma extremista que levaria o moderado Biden à esquerda.

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Mas há pouca evidência no momento de que o público considera Harris, ex-promotora e Procuradora-Geral da Califórnia, com fortes laços com o establishment democrata, uma radical.

Na verdade, os republicanos gostam mais dela do que de Biden, segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos conduzida entre 10 e 11 de agosto, pouco antes de ela ser anunciada como a escolha de Biden. A pesquisa mostrou que 21% dos eleitores registrados como republicanos têm uma impressão favorável de Harris, contra apenas 13% com uma visão favorável de Biden.

Mais preocupante para Trump: ataques que possam parecer sexistas ou racistas contra a primeira mulher negra na chapa de um grande partido na história dos EUA podem complicar as tentativas da sua campanha de fortalecer seu apoio entre mulheres do subúrbio, bloco de eleitoras crítico que ele precisa recuperar para ser reeleito, afirmam estrategistas dos dois lados.

Líderes femininas do Partido Democrata já alertaram contra uma repetição da campanha presidencial de 2016, quando Trump enfrentou Hillary Clinton, que, como primeira mulher candidata à Presidência, foi alvo de críticas com base em gênero. Trump também chamou Clinton de "desagradável" e a acusou de usar "a carta da mulher".

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"Se ele quiser usar retórica misógina contra Kamala Harris, acho que será um desafio grande para ele", disse Neera Tanden, uma das principais assessoras de Hillary durante sua candidatura à Presidência. "Ele não tem margem de erro com mulheres do subúrbio."

Segundo a última pesquisa Reuters/Ipsos, Biden tem vantagem de 10 pontos percentuais entre mulheres e 6 pontos entre quem mora nos subúrbios. No geral, Biden tem 11 pontos de vantagem sobre Trump, menos de três meses antes da eleição de 3 de novembro.

Sarah Longwell, republicana que trabalha com pesquisas eleitorais, disse que assessores de Trump provavelmente gostariam que o presidente, conhecido por seu discurso inflamado e bombástico contra adversários políticos, fosse mais cauteloso nos ataques contra Harris, a menos que tenham razão para acreditar que mulheres suburbanas não confiam ou não gostam dela.

"Mas ainda não há evidências de que elas não confiam ou não gostam dela", disse Longwell. "Na verdade, meu palpite é que ela terá um efeito bem positivo com mulheres suburbanas."

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