Angústia de mãe: Um filho será liberado de Gaza, outro será deixado para trás

16 jan 2025 - 15h06

A notícia de que Israel e o Hamas chegaram a um acordo para a libertação de reféns após 15 meses de guerra em Gaza é agridoce para Ruth Strum -- espera-se que um de seus filhos seja libertado, mas um segundo será deixado em cativeiro por enquanto.

"Não é fácil para uma mãe ouvir isso", disse Ruth à Reuters, usando uma camiseta vermelha estampada com fotos de seus dois filhos e o apelo: "Tragam Iair e Eitan para casa".

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Embora não tenha informações sobre o paradeiro dos dois na Faixa de Gaza, fortemente bombardeada, ela afirmou ter certeza de que eles foram mantidos juntos.

"Mas o que acontecerá no momento em que eles forem separados e informados de que um está saindo e o outro não?", disse ela, com a voz trêmula. "Eu sei que a força deles é estar juntos, estar lá um para o outro."

Eitan Horn, de 38 anos, estava hospedado com seu irmão Iair Horn, 46 anos, em sua casa no Kibutz Nir Oz, perto da cerca de Gaza, quando o Hamas lançou ataque surpresa no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Os dois homens foram capturados e arrastados para o enclave palestino junto com outros 249 israelenses e estrangeiros, desencadeando uma guerra que devastou Gaza.

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Cerca de 98 reféns ainda estão em cativeiro, mas, de acordo com os termos do cessar-fogo de quarta-feira, apenas 33 serão libertados nas próximas seis semanas, incluindo mulheres e crianças, homens com mais de 50 anos e pessoas doentes ou feridas. Isso sugere que Iair pode não estar bem, embora não tenha havido nenhuma notícia sobre sua saúde.

A entrega dos 65 restantes, alguns dos quais se acredita estarem mortos, deverá ser negociada posteriormente.

Desde o sequestro de Iair e Eitan, Ruth tem se agarrado a fragmentos de informações sobre eles. A última confirmação do bem-estar deles veio durante uma breve trégua em novembro de 2023, quando alguns reféns libertados mencionaram ter visto os irmãos vivos.

"Eles disseram que não estavam feridos", contou ela. "No início, eles foram mantidos em um apartamento, mas depois foram transferidos para os túneis."

MANTENDO O OTIMISMO

Ruth Strum diz que fala com eles em voz alta o tempo todo, como se ainda estivessem com ela.

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"Peço a eles que esperem só mais um pouco, isso vai acontecer e vocês estarão de volta conosco."

A família é originária da Argentina, mas imigrou para Israel para criar raízes nas comunidades judaicas. Eitan, de barba espessa, vive com a mãe no centro do país, enquanto Iair abraçou a vida comunitária em um kibutz.

"Tenho sido otimista desde o primeiro dia, apesar dos altos e baixos", disse Ruth.

Ela se dedica incansavelmente à campanha pela libertação de todos os reféns, cujos rostos estão estampados em cartazes em Israel, cobrindo pontos de ônibus, grampeados em árvores e enrolados em postes de luz.

"É verdade que eu choro e fico com raiva, mas sinto que não faz sentido cair, ficar na cama e não querer ver ninguém, nem falar, nem fazer nada", afirmou ela.

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"Quero que todos os 98 reféns sejam trazidos para casa", disse, fazendo um apelo direto ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que, segundo os críticos, tem hesitado demais em fazer um acordo com o Hamas. "Eu lhe peço, Bibi, faça tudo. As pessoas estão com você. Você tem o apoio para fazer isso acontecer."

Enquanto se prepara para o retorno de Iair, Ruth se permite imaginar o momento em que os dois filhos estarão reunidos com ela. "Eu nos imagino juntos no hospital, que serei capaz de dar a eles tudo o que precisam", disse ela. "Estou esperando por esse abraço."

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