Cerca de 300 pessoas foram detidas em protestos e tumultos na Venezuela desde o início de um blecaute que afetou todo o país na quinta-feira passada, afirmou um grupo de direitos humanos.
A Venezuela, o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, sofreu um grande corte de energia no dia 7 de março, deixando quase todo o país às escuras, sem comunicação e sem serviço de água por cinco dias. Algumas regiões ainda permaneciam nesta quinta-feira com interrupções no serviço de energia, água e gás.
O diretor da organização não governamental Fórum Penal, Alfredo Romero, disse em coletiva de imprensa que, desde 8 de março até esta quinta-feira, ao menos 124 pessoas foram detidas no país durante protestos contra o blecaute, enquanto outras 200 foram presas durante saques.
Quatro pessoas morreram durante os protestos, disseram as organizações Observatório Venezuelano de Conflito Social e Provea, em comunicados publicados no Twitter.
O Provea informou que uma das vítimas morreu devido a ação de grupos armados pró-governo.
O Ministério de Comunicação da Venezuela não respondeu de imediato a pedido por comentários.
Devido ao blecaute, o governo suspendeu as aulas em todos os níveis de ensino desde a sexta-feira passada até amanhã. Somente nesta quinta-feira, a jornada de trabalho e o serviço de metrô da capital foram retomados, mas apenas de forma parcial já que algumas estações permanecem fechadas, segundo testemunhas da Reuters.
A falha elétrica provocou, entre os dias 7 e 13 de março, a morte de ao menos 26 pacientes de hospitais públicos que estavam sem eletricidade ou com falhas, segundo a organização Médicos Pela Saúde.
Associações empresariais afirmaram que, apenas em Maracaibo, capital do Estado petroleiro de Zulia, no noroeste do país, ao menos 350 comércios e fábricas foram saqueados nesta semana, e que maquinários, equipamentos e infraestruturas foram danificados em protestos dos moradores contra a falta de energia.
O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, atribuiu a falha a uma sabotagem na hidrelétrica Guri, a principal do país, enquanto especialistas garantem que o problema foi desencadeado por uma falha nas linhas de transmissão que partem da unidade por falta de manutenção, peças de reposição e de investimento nos últimos anos.