A agência palestina de ajuda humanitária da ONU disse que seu trabalho segue em andamento nesta sexta-feira nos territórios ocupados e em Gaza, apesar da proibição israelense que entrou em vigor na véspera e do que descreveu como hostilidade contra seus funcionários.
Uma lei israelense adotada em outubro proíbe operações da UNRWA em terras israelenses — incluindo Jerusalém Oriental, que foi anexada pelo país — e contato com autoridades de Israel desde o dia 30 de janeiro.
Reino Unido, França e Alemanha reiteraram nesta sexta-feira sua preocupação com a implementação da nova lei por Israel. Agências de ajuda humanitária dizem que a nova regra terá um enorme impacto na já devastada Faixa de Gaza, uma vez que funcionários e suprimentos passam por Israel para entrar no enclave.
"Continuamos a prestar serviços", disse Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA, em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra.
"Em Gaza, a UNRWA continua a ser a espinha dorsal da resposta humanitária internacional. Seguimos com pessoal em Gaza e continuamos levando caminhões de suprimentos básicos."
Segundo ela, qualquer interrupção no trabalho colocaria em risco o acordo de cessar-fogo que pausou a guerra entre Israel e o Hamas.
"Se a UNRWA não tiver permissão para continuar trazendo e distribuindo suprimentos, o destino desse frágil cessar-fogo estará em risco e em perigo", acrescentou.
Dezenas de milhares de refugiados palestinos que vivem em Jerusalém Oriental ocupada — cuja anexação por Israel não é reconhecida internacionalmente — também recebem ajuda com educação, assistência médica e outros serviços providenciados pela UNRWA.
Touma disse que sua equipe palestina na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental está com dificuldades e citou exemplos, como apedrejamentos e ataques a postos de controle, além de protestos em suas instalações, culpando "extremistas israelenses".
"Eles enfrentam um ambiente excepcionalmente hostil, enquanto segue uma feroz campanha de desinformação contra a UNRWA", contou.
Na quinta-feira, manifestantes israelenses vandalizaram uma placa da ONU em frente a um de seus complexos, pichando-a com spray uma estrela de Davi azul, mostraram imagens que Touma compartilhou com a Reuters.
Os funcionários internacionais já deixaram os locais depois que seus vistos expiraram, acrescentou a diretora. A agência afirma que mais de 270 de seus funcionários foram mortos na guerra de 15 meses em Gaza e pede investigações.
Israel vem criticando a UNRWA e alega que sua equipe esteve envolvida nos ataques de 7 de outubro de 2023, que desencadearam a guerra na Faixa de Gaza. A ONU afirmou que nove funcionários da UNRWA podem ter envolvimento. Eles foram demitidos.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que Israel está comprometido em facilitar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, acrescentando que o auxílio seja repassado por outras agências e ONGs internacionais.
"Ajuda humanitária não significa UNRWA, e aqueles que desejam apoiar os esforços de ajuda humanitária na Faixa de Gaza devem investir seus recursos em organizações alternativas à UNRWA", disse ele em comunicado.