Partidos de oposição e grupos empresariais na Alemanha pediram nesta quinta-feira que o chanceler do país, Olaf Scholz, convoque rapidamente uma eleição para minimizar as incertezas políticas após sua coalizão tripartite ruir.
A coalizão desmoronou na quarta-feira, quando anos de tensão culminaram em discordância sobre como sanar um buraco bilionário no orçamento e melhorar o desempenho da maior economia da Europa, que se encaminha para o segundo ano seguido de contração. A crise cria um vácuo de liderança no coração da União Europeia, em momento no qual o grupo busca uma resposta unificada à eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.
Há assuntos importantes no radar, como possíveis novas tarifas comerciais dos EUA, a guerra na Rússia e o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança liderada pelos norte-americanos.
O chanceler afirmou que realizaria um voto de confiança em janeiro, o qual ele provavelmente perderia, provocando assim uma nova eleição até o fim de março, seis meses antes do previsto. Friedrich Merz, líder dos conservadores da oposição e primeiro colocado nas pesquisas nacionais, pediu um voto de confiança "até o começo da próxima semana, no máximo", em comentários que apoiados por outras legendas oposicionistas
Para ele, poderia ocorrer já uma eleição do fim de janeiro.
"Simplesmente não podemos mais lidar por meses com um governo sem uma maioria na Alemanha, além de uma campanha eleitoral que tomará mais alguns meses e depois provavelmente semanas de negociações para uma coalizão", afirmou Merz. A indústria alemã, que sofre com os altos custos e uma grande competição vinda da Ásia, também pediu nesta quinta-feira que o governo Scholz marque uma eleição o quanto antes. Scholz atrasou sua ida para o encontro da União Europeia, em Budapeste, nesta quinta-feira, para lidar com a crise em solo alemão. Ele também cancelou sua participação no próximo encontro climático da Organização das Nações Unidas (ONU). O chanceler, do partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, afirmou que demitiu seu ministro das Finanças, Christian Lindner, do partido fiscalmente conservador Democratas Livres (FDP), por obstruir uma resolução quanto às disputas orçamentárias. A mais recente discordância ocorreu sobre o plano do chanceler de abrandar os limites de crédito para aumentar o apoio à Ucrânia em 3 bilhões de euros no orçamento de 2025. A demissão de Lindner fez o FDP sair da coalizão, deixando Scholz e os Verdes no controle de um governo de minoria. Assim, eles precisam improvisar maiorias para aprovar qualquer medida no Parlamento. Uma fonte do governo disse que um encontro entre Scholz e Merz, ocorrido nesta quinta-feira, não resolveu o impasse. Joerg Kukies, um aliado próximo de Scholz, será o próximo ministro das Finanças.