Após invasão de embaixada, México rompe relações diplomáticas com o Equador

Polícia do Equador invadiu embaixada mexicana em Quito para prender ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, refugiado no local

6 abr 2024 - 07h48
(atualizado às 09h25)
Policiais invadiram embaixada mexicana em Quito e prenderam ex-vice presidente do Equador.
Policiais invadiram embaixada mexicana em Quito e prenderam ex-vice presidente do Equador.
Foto: Karen Toro/Reuters

O México suspendeu as relações diplomáticas com o Equador, após a polícia equatoriana invadir na noite desta sexta-feira (05/04) a embaixada mexicana em Quito e deter o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

"A polícia do Equador entrou à força na nossa embaixada e deteve o ex-vice-presidente daquele país que era refugiado e em processo de asilo devido à perseguição e assédio que enfrenta", disse o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

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Na plataforma X (antigo Twitter), ele escreveu que a invasão constituía "um ato autoritário" e uma violação flagrante do direito internacional e da soberania mexicana.

A invasão da polícia equatoriana ocorreu horas depois de o México ter concedido asilo político a Glas, que estava refugiado na embaixada mexicana desde 17 de dezembro.

Alvo de um mandado de prisão por desvio de fundos públicos, Glas foi vice-presidente do Equador durante o mandato de Rafael Correa(2007-2017) e condenado a seis anos de prisão por corrupção em um caso que envolve a Odebrecht.

Equador defende invasão

Quito descreveu o asilo como "um ato ilícito" que "apoia a evasão à justiça do Estado equatoriano e promove a impunidade".

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Em um comunicado, a Presidência do Equador defendeu a operação policial, acusou o México de dar asilo a Glas, "em violação ao quadro jurídico convencional", e alegou que "foram abusadas as imunidades e privilégios concedidos à missão diplomática" mexicana.

Numa mensagem publicada nas redes sociais, o executivo disse que o antigo vice-presidente foi detido pelo chamado Bloco de Segurança, uma entidade que reúne líderes policiais, militares e governamentais, para coordenar as operações contra o crime organizado.

Expulsão de embaixadora do México

A invasão da embaixada vem na esteira de uma crise política entre os dois países que começou a se agravar na quinta-feira. Na data, o governo equatoriano declarou a embaixadora do México, Raquel Serur Smeke, como persona non grata em retaliação a declarações de López Obrador sobre o assassinato do candidato à presidência equatoriana Fernando Villavicencio.

Numa coletiva de imprensa, López Obrador comparou o atual quadro de violência na campanha eleitoral mexicana ao do Equador de 2023, quando Villavicencio foi morto.

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O presidente mexicano disse que o assassinato prejudicou sobretudo Luisa González, a candidata do movimento de esquerda Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa. Para López Obrador, González foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio, prejudicando sua candidatura e culminando na vitória de Daniel Noboa, um político inexperiente e herdeiro de uma fortuna construída com o comércio de bananas.

O assassinato de Villavicencio, um jornalista conhecido por denunciar casos de corrupção, faz parte da onda de violência que atinge o Equador há cerca de três anos e tornou o país em um dos mais violentos da América Latina, com 45 homicídios por 100 mil habitantes em 2023.

Após a declaração do status de persona non grata que, na prática, ordenava a expulsão da embaixadora do país, o México instruiu Serur a retornar ao país natal para "salvaguardar sua segurança e integridade".

O governo mexicano ressaltou que, em todos os momentos de seu mandato, a embaixadora aderiu aos princípios da política externa estabelecidos na Constituição e no direito internacional, e denunciou o fato de que a declarar persona non grata "tem claramente um caráter político".

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Violência no México

O méxico vive uma crise de violência na política, com uma série de homicídios. Na última semana uma candidata municipal e um prefeito foram assassinados. O país tem eleições municipais e federais marcadas para junho.

De acordo com o Laboratório Eleitoral, de 4 de junho de 2023 a 26 de março de 2024, 50 pessoas foram assassinadas em "episódios de violência eleitoral". Dentre elas, 26 concorriam a cargos eleitorais. Números da organização de pesquisa Cívica Data mostram que houve um aumento de 236% na violência eleitoral política no México entre 2018 e 2023.

(EFE, Lusa, ots)

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