Argentinos fazem orações por recuperação do 'Papa dos Pobres'

Francisco está internado por causa de uma infecção respiratória

30 mar 2023 - 16h26
(atualizado às 16h44)

Por Ludovico Mori - O papa Francisco está doente e pelo menos metade da Argentina espera boas notícias de Roma. Trata-se da metade mais pobre do país, que é muito pobre, de acordo com as estatísticas oficiais.

Papa Francisco está internado em Roma desde quarta-feira
Papa Francisco está internado em Roma desde quarta-feira
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

"Quanto mais humildes, mais o amam", disse à ANSA o padre da basílica de San José de Flores, Martin Bourdieu.

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Na igreja simbólica do bairro de Buenos Aires que deu à luz Jorge Bergoglio, um dos mais modestos da cidade, "desde ontem em todas as missas rezam pelo Papa e chegam pessoas perguntando e trazendo informações sobre seu estado de saúde".

Roxana, uma senhora que colabora com a cantina que distribui 140 refeições duas vezes ao dia às pessoas que as solicitam, explica o motivo desta apreensão. "Ele fez muito pelos pobres desde antes de ser Papa, queremos que volte à Argentina pelo menos uma vez para saudá-lo. Os pobres não podem viajar para Roma e quanto mais o tempo passa, mais difícil é para ele vir", disse ela.

A mesma apreensão também se sente nas "Villas misérias", onde a pobreza se transforma em indigência e onde a Igreja está presente principalmente a exemplo do padre Carlos Mugica, o sacerdote assassinado nas premonições da ditadura militar porque naquela época ajudar o pobre era coisa de revolucionários.

Este também é o caso do padre "Pepe" di Paola, que há mais de 30 anos se dedica exclusivamente aos pobres e hoje dirige uma paróquia em uma das áreas mais difíceis do interior de Buenos Aires, em "Villa La Carcova".

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O padre Pepe está tão ocupado combatendo o impacto da pobreza que só soube da hospitalização de seu amigo Jorge Bergoglio pelas pessoas do bairro. "As pessoas que vieram perguntar sobre ele me disseram que eu não sabia nada sobre isso", disse ele à ANSA.

"Independente do que nos informem os médicos, a televisão ou o Vaticano, há muita apreensão aqui. Muitas pessoas vieram pedir santinhos do Papa para que possam rezar por ele. As pessoas estão rezando para que ele se recupere e seja curado para continuar a sua missão que é tão importante", acrescentou.

Uma parte da sociedade argentina ainda pensa que cuidar dos pobres é coisa para revolucionários. "Parece-me que as camadas mais baixas da população estão preocupadas e que uma parte da Argentina reluta em rezar por este Papa", disse à ANSA Federico Walls, ex-diretor da assessoria de imprensa da arquidiocese de Buenos Aires do tempo em que Bergoglio ainda era bispo da capital.

Virginia Bonard, jornalista e autora de uma coletânea de textos de Bergoglio intitulada "Nossa fé é revolucionária", também reflete na mesma linha. "Na Argentina ainda o julgam com base em critérios locais", afirmou ela, referindo-se a alguns setores que criticam o Santo Padre por considerá-lo um "Papa peronista".

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"Achamos que ele é nosso, mas agora ele é um líder global", concluiu a escritora. .

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