Artistas italianos fizeram nesta segunda-feira (30) um apelo ao governo da premiê Giorgia Meloni em defesa do anarquista Alfredo Cospito, que está em greve de fome há mais de três meses para protestar contra o isolamento na cadeia.
O documento é assinado por diversas personalidades do cinema na Itália, como Jasmine Trinca, Michele Riondino, Paolo Calabresi e Valerio Mastandrea, e pede a intervenção do governo "antes que seja tarde demais".
"Alfredo Cospito é um presidiário anarquista em greve de fome há mais de 100 dias para protestar contra o 41-bis [nome do regime de isolamento total na cadeia, sistema geralmente reservado a mafiosos]. Acusam-no de um atentado que não causou mortes nem feridos. Por isso, Alfredo iniciou uma luta com seu corpo, uma luta terrível que o está conduzindo à morte, em meio à total indiferença daqueles que poderiam e deveriam intervir", diz a carta.
Cospito cumpre pena de 20 anos de prisão por ter detonado duas bombas caseiras diante de uma escola de recrutas da Arma dos Carabineiros em Fossano, no norte da Itália, ação que não provocou vítimas.
Em seu apelo, os artistas acusam o ministro da Justiça, Carlo Nordio, de "inércia e indiferença" perante o pedido da defesa do anarquista para revogar o 41-bis. "A luta de Alfredo nos convida a pensar sobre o senso de humanidade e utilidade das leis de nosso país, sobre a evidente desproporção entre crime e pena. Alfredo Cospito está pronto para morrer por isso", afirmam.
Ao longo dos últimos meses, sedes diplomáticas da Itália no exterior foram alvos de ataques por parte de anarquistas, incluindo o Consulado-Geral em Porto Alegre. Durante um evento nesta segunda-feira, Meloni disse que o Estado "não deve se deixar intimidar por quem acredita ameaçar seus funcionários".
Apenas no último fim de semana, anarquistas vandalizaram o consulado italiano em Barcelona e o carro de um diplomata da embaixada em Berlim. O Ministério Público de Roma apura a hipótese de "terrorismo" nesses crimes.