Imagens de satélite divulgadas pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostram a extensão do impacto das chuvas intensas e das inundações repentinas na região de Valência, na Espanha.
Nesta sexta-feira (1/11), as autoridades espanholas contabilizavam 200 mortes.
A maioria das mortes, mais de 200 até agora, foi registrada na região de Valência, com mais duas em Castilla-La Mancha e outra, de um britânico, na Andaluzia.
A primeira imagem foi tirada em 8 de outubro, e a segunda, na quarta-feira (30/10).
As imagens, capturadas pelo satélite Landsat-8 dos Estados Unidos, "ilustram vividamente a escala do desastre", afirma a ESA, e a "transformação dramática da paisagem".
É possível ver como rios transbordaram - levando ao desaparecimento da lagoa L'Albufera, localizada numa zona alagadiça na área metropolitana valenciana.
Catástrofe histórica
Em poucas horas, caiu o equivalente a um ano de chuva em algumas áreas da Comunidade Valenciana, provocando grandes enchentes que devastaram cidades inteiras, deixando milhares de pessoas ilhadas.
As chuvas deixaram cerca de 140 mil pessoas sem energia e causaram o fechamento de muitas estradas.
Em alguns lugares, foram registrados até 445,4 litros de precipitação por metro quadrado.
As chuvas, que chegaram acompanhadas de fortes ventos e tornados, foram causadas por um fenômeno meteorológico conhecido localmente como Depressão Isolada em Altos Níveis (Dana, na sigla em espanhol), que afetou uma grande área do sul e leste do país.
O termo Dana começou a ser usado pelos meteorologistas espanhóis há algumas décadas para diferenciar o fenômeno da chamada "gota fria", expressão mais genérica e que costuma ser utilizada para se referir a qualquer situação de chuva intensa e abundante, sobretudo na costa mediterrânea da Península Ibérica durante o outono. Entenda o fenomeno nesta reportagem.
Dada a dimensão da tragédia, considerada uma das catástrofes naturais mais graves da história recente de Espanha, foram declarados três dias de luto no país europeu.
Moradores de Valência descreveram cenas de "pesadelo", com um deles dizendo à BBC: "Todos nós conhecemos alguém que morreu."
O serviços de resgate e centenas de soldados estão trabalhando sem parar para encontrar aqueles que ainda estão desaparecidos nas enchentes, embora as autoridades espanholas digam que ainda não está claro quantas pessoas estão desaparecidas.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, está pedindo que as pessoas fiquem em casa e afirmou que o governo ajudará Valência "pelo tempo que for necessário".
O ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente, disse que os serviços ferroviários que ligam Madri e Valência poderão ser suspensos por até três semanas devido à extensão dos danos.
O rei Felipe 6º afirma que a emergência "ainda não acabou".
Mais chuva está a caminho e é esperada para cair nas áreas já afetadas pelas enchentes e em outras regiões espanholas.
A agência meteorológica estatal, a Aemet, emitiu seu nível mais alto de alerta para a província de Castellón, onde podem cair 180 mm de chuva, e um alerta laranja para a cidade de Tarragona, mais ao norte, na região da Catalunha.