Elon Musk gerou indignação por um gesto com o braço que realizou durante um discurso em celebração à posse de Donald Trump, que assumiu seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos na segunda-feira (20/01).
Musk agradeceu ao público por "fazer isso acontecer", colocou a mão direita sobre o coração e, em seguida, estendeu o braço direito para frente, em linha reta. Ele repetiu o gesto para as pessoas posicionadas atrás dele.
Muitos usuários da rede social X, que pertence a Musk, compararam o movimento a uma saudação nazista.
Em resposta, Musk publicou no X: "Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. Essa coisa de 'todo mundo é Hitler' está tããão ultrapassada."
Nesta terça-feira (21/01), o chanceler alemão Olaf Scholz defendeu que a liberdade de expressão não pode ser usada para apoiar a extrema direita, e mencionou "um bilionário".
"Temos liberdade de expressão na Europa e na Alemanha. Cada um pode dizer o que quiser, mesmo que seja um bilionário. O que não aceitamos é se isso for para apoiar posições de extrema direita", declarou Scholz em encontro do Fórum Econômico Mundial.
Pouco depois, Musk compartilhou um vídeo com a declaração de Scholz e comentou no X: 'Vergonha'.
O bilionário, aliado próximo de Trump e considerado o homem mais rico do mundo, fez o gesto enquanto discursava na Capital One Arena, em Washington D.C.
"Meu coração vai para vocês. É graças a vocês que o futuro da civilização está garantido", disse o empresário, de 53 anos, após realizar a segunda saudação com o braço.
A reação nas redes sociais foi imediata.
Claire Aubin, historiadora especializada em nazismo nos Estados Unidos, afirmou que o gesto de Musk foi um sieg heil, ou saudação nazista.
"Minha opinião profissional é que vocês estão certos; devem acreditar no que veem", escreveu ela no X, apoiando aqueles que consideraram o gesto uma referência explícita aos nazistas.
Ruth Ben-Ghiat, professora de história na Universidade de Nova York, declarou: "Como historiadora do fascismo, posso dizer que foi uma saudação nazista — e uma bem agressiva, inclusive."
Andrea Stroppa, confidente próximo de Musk e que o conectou à primeira-ministra italiana de extrema direita Giorgia Meloni, teria compartilhado o vídeo do gesto nas redes italianas com a legenda: "O Império Romano está de volta, começando pela saudação romana."
A saudação romana foi amplamente usada na Itália pelo Partido Fascista de Benito Mussolini antes de ser adotada por Adolf Hitler na Alemanha.
Segundo a mídia italiana, Andrea Stroppa apagou sua publicação. Mais tarde, ele afirmou que "aquele gesto, que alguns confundiram com uma saudação nazista, é simplesmente Elon, que é autista, expressando seus sentimentos ao dizer: 'Quero dar meu coração a vocês'".
Ele acrescentou: "Foi exatamente isso que ele comunicou ao microfone. ELON NÃO GOSTA DE EXTREMISTAS!"
O gesto de Musk ocorreu em um momento em que as posições políticas dele têm se inclinado cada vez mais para a direita. Ele fez declarações recentes em apoio ao partido de direita radical AfD, da Alemanha, e ao partido anti-imigração britânico Reform UK.
No entanto, Musk também recebeu defesa de alguns grupos, como a Liga Antidifamação (ADL), uma organização fundada para combater o antissemitismo.
"Parece que Elon Musk fez um gesto desajeitado em um momento de entusiasmo, e não uma saudação nazista", publicou o grupo no X.
Musk tornou-se um dos aliados mais próximos de Trump e foi indicado para coliderar o que o presidente chamou de Departamento de Eficiência Governamental.