O papa Francisco, que está prestes a divulgar a mensagem papal mais contestada em meio século, disse nesta quarta-feira que todos deveriam ajudar a salvar “nosso planeta arruinado” e pediu aos críticos que leiam sua encíclica com boa vontade.
Nas 192 páginas da altamente pessoal e eloquente “Laudato Si (Bendito Seja), Sobre os Cuidados com Nosso Lar Comum”, Francisco entra de cabeça na polêmica sobre a mudança climática, o que lhe rendeu a ira dos conservadores céticos, incluindo dois pré-candidatos republicanos à Presidência dos Estados Unidos.
Na terça-feira, Jeb Bush, católico convertido, disse: “Minha política econômica não vem dos meus bispos ou meus cardeais ou meu papa”.
O documento é o mais controverso da Igreja desde que a encíclica “Humanae Vitae”, publicado por João Paulo 2º em 1968, entronizou a proibição dos métodos contraceptivos na Igreja.
Católicos liberais se opuseram à proibição, mas a maioria saudou a postura do papa em relação à mudança climática.
Como Francisco disse que quer influenciar a cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em Paris em dezembro, a encíclica consolida ainda mais seu papel como figura diplomática global, na esteira de sua mediação da reaproximação entre Cuba e os EUA no final do ano passado.
A maioria das encíclicas são dirigidas aos católicos, mas Francisco repetiu nesta quarta-feira que deseja alcançar um público mais amplo.
“Este nosso lar está sendo arruinado, e isso prejudica a todos, especialmente os pobres”, declarou ele em sua audiência aberta semanal. “O meu apelo é por responsabilidade... peço a todos que recebam este documento de espírito aberto”.