Casal de mulheres diz "sim" em Pequim em prol do casamento gay

3 jul 2015 - 06h14

Proibida pela mãe de ir à rua vestida de noiva e orientada pela polícia a não fazer uma "cena no cartório", uma jovem chinesa se casou nesta semana em um restaurante de Pequim com outra mulher em uma cerimônia sem validade legal, mas com uma clara mensagem ao governo.

A euforia vivida nos Estados Unidos pela recente legalização do casamento homossexual contagiou a China, segundo Li Tingting e "Teresa", como pediu para ser identificada.

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O restaurante onde as elas realizaram o casamento informal em Pequim estava repleto de cartazes, bandeiras coloridas e fotos das duas juntas. Os convidados, uma dúzia de amigos, mas nenhum parente, aplaudiram a chegada das noivas e distribuíram adesivos com a bandeira do arco-íris.

Rapidamente, este incomum casamento entre lésbicas na China se transformou em uma festa do orgulho gay, e um pequeno grupo de jornalistas fez parte do evento, realizado em um espaço reservado.

"Will you marry me?" ("Quer casar comigo?"), perguntou Li em inglês a sua companheira, em frente as câmeras que registraram cada movimento do casal no restaurante, que logo depois se transformou no cenário de entrevista das recém-casadas.

"É primordial que o casamento gay seja aprovado", disse Li, uma das cinco feministas detidas neste ano por 37 dias por promover populares campanhas em defesa das mulheres.

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Desde que saiu da prisão, o medo que ela sente de voltar não a impediu de lutar por seus valores, mas ela se viu obrigada a diminuir suas "ações na rua".

Li e Teresa decidiram se casar depois da decisão histórica da Suprema Corte dos Estados Unidos, que aprovou no final do mês passado a legalização das uniões entre pessoas do mesmo sexo, e para encorajar outras pessoas que enfrentam as mesmas dificuldades que elas em um país tão restritivo quanto a China.

"Por um lado, passamos muitos momentos difíceis juntas, com Li na prisão, por exemplo... Queríamos dar mais um passo. Por outro, queríamos encorajar os outros homossexuais a fazer o mesmo", resumiu uma emocionada Teresa à Agência Efe.

Ambas lembraram as dificuldades que passaram para fazer o casamento na China, onde esta união não é reconhecida e a homossexualidade ainda é vista com reticência.

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"Meu pai é totalmente contra, minha mãe nem tanto, mas no final ficou do lado dele. A polícia nos chamou várias vezes para nos avisar que não montássemos uma cena em público. Atualmente, ninguém (do grupo de feministas) se atreve a fazer coisas assim na rua. Fomos detidas por isso", explicou Li, que preferiu não ir ao cartório por medo de represália das autoridades.

Uma das convidadas do casamento foi Wei Tingting, outra das detidas e que desde que foi solta não havia aparecido em público.

Falando de forma pausada e medindo cada palavra, Wei disse estar feliz por ter sido escolhida como apresentadora do casamento de Li e Teresa, uma função muito importante nos casamentos chineses e cuja missão é apresentar o casal e entreter os convidados.

Apesar de a situação "não ser a melhor" para as feministas na China, Wei garantiu que elas continuam lutando: "O tempo faz com que o medo vá embora, e esta é uma boa ocasião para perdê-lo".

"Eu também estava muito nervosa. Na China, é assim: se você quiser levar uma vida fora dos padrões, terá que pagar um alto preço, inclusive enfrentar seus pais. Quem sabe, isto ajude, e daqui a uns anos consigamos o que outros países como os Estados Unidos já conseguiram", afirmou Li.

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