A China puniu 17 funcionários por falhas relacionadas aos atentados e tumultos na região de Xinjiang, em setembro, informou a mídia estatal, ao mesmo tempo que o chefe regional do Partido Comunista declarava que a luta contra o "terrorismo" está ficando "mais intensa ".
Dezenas de pessoas morreram na violência em Xinjiang, que teve início quando explosões mataram seis pessoas. Depois desses ataques houve tumultos e a polícia matou a tiros 40 pessoas, algumas das quais tentavam cometer atentados suicidas, informou a mídia estatal na época.
Esse foi um dos vários incidentes violentos que abalaram a região nos últimos anos. O governo atribuiu o problema a separatistas da minoria étnica uigur --formada na maior parte por muçulmanos-- que dizem querer criar um país independente chamado Turquestão Oriental.
É difícil para os jornalistas estrangeiros trabalhar em Xinjiang, o que torna quase impossível chegar a uma avaliação independente da situação.
Depois de uma investigação sobre a violência em 21 de setembro, o comitê do Partido Comunista de Xinjiang impôs a 17 funcionários "do partido e do governo" punições por falhas na segurança e outros erros, segundo o site de notícias www.ts.cn, que é dirigido pelo comitê, na noite de quinta-feira.
O secretário do partido de Xinjiang, Zhang Chunxian, disse que a situação no âmbito da segurança é "extremamente sombria".
"A luta contra o terrorismo em Xinjiang entrou em uma fase mais complicada e mais intensa", disse Zhang, de acordo com um relatório publicado pelo site na quinta-feira. "Temos que ter a iniciativa de brandir a espada, tomar a ofensiva e atacar de modo abrangente."
O governo atribuiu atentados em outras partes da China, incluindo Pequim, a militantes islâmicos de Xinjiang.
Ativistas pró-direitos humanos dizem que as políticas repressivas do governo em Xinjiang, incluindo limitações à religião e cultura, bem como os problemas econômicos e sociais locais, têm provocado os distúrbios. O governo nega essas críticas.
O Comitê para a Proteção dos Jornalista, com sede em Nova York, afirmou que as autoridades chinesas prenderam dois irmãos uigures de um repórter que vive nos Estados Unidos. Um quarto irmão foi condenado a cinco anos de prisão em 2014 por violar as leis de segurança do Estado, disse a entidade.
"Estamos profundamente preocupados com informações de que membros da família do jornalista Shohret Hoshur, da Rádio Free Asia, continuam sendo perseguidos, incluindo relatos de que seus irmãos foram presos, aparentemente em represália por suas reportagens", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Jen Psaki, na quinta-feira.
O porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hong Lei, rejeitou a crítica.
"Considero que o relatório citado é completamente inconsistente com a realidade e não vale a pena ser refutado," disse Hong nesta sexta-feira.
(Reportagem de Michael Martina e Megha Rajagopalan)