A Coreia do Norte emitiu na manhã deste domingo (madrugada no Brasil) um pedido de desculpas aos familiares das vítimas em um desabamento de edifício ocorrido no distrito de Phyongchon. O acidente teria acontecido na última terça-feira, 13, mas o governo só confirmou o caso neste final de semana.
Tradicionalmente, nem as agências de notícia norte-coreanas noticiam casos como este. Portanto, o fato de o próprio governo vir a público reconhecer a tragédia e se desculpar surpreendeu a comunidade internacional e indicou que o desastre deve, de fato, ser de imensas proporções. Fala-se em "centenas" de mortos - um número oficial não foi divulgado.
No entanto, a agência oficial de notícias do país, a KCNA, transmitiu uma mensagem rara admitindo o acontecido da semana passada. Segundo as informações da agência, o colapso do prédio pode ter matado "centenas" de pessoas - mas não foi divulgado um número de vítimas oficial.
A manifestação na mensagem foi de “profunda consolação e pedido de desculpas”.
“A construção deste edifício residencial não foi feita corretamente e autoridades supervisionaram e controlaram as obras de forma irresponsável”, disse o comunicado da KCNA.
A declaração da agência governamental também revelou que o desabamento do edifício de apartamentos “causou vítimas”, mas não deu nenhuma indicação de quantos podem ter sido mortos ou feridos. Ela disse que a operação de resgate teria terminado neste sábado.
A agência afirmou que o ministro da Segurança Popular da Coreia do Norte, Choe Pu II, estava “desolado”, afirmando que havia falhado ao supervisionar o projeto de forma adequada, “causando um acidente inimaginável”.
Além da mensagem oficial, um funcionário do ministério da unificação da Coreia do Sul também confirmou neste sábado que o edifício - de 23 andares - desabou em Pyongyang na terça-feira passada, porém ele não confirmou de onde obteve a informação.
O funcionário, que pediu para não ser identificado, disse que o prédio teria 92 residências ou famílias, e que é comum os norte-coreanos se mudarem para novos edifícios, antes mesmo da construção estar concluída.
“Presume-se que centenas tenham morrido, calculando que cada família tenha uma média de quatro membros”, disse ele.
O caso do naufrágio do país vizinho
O raro pedido de desculpas do Norte veio enquanto o governo do presidente sul-coreano, Park Geun-hye, enfrenta críticas pela maneira como lidou com o acidente de uma balsa que matou mais de 300 pessoas, muitas delas crianças em idade escolar, no mês passado.
O Norte também lançou críticas cáusticas a Park quando o desastre aconteceu.
No sábado à noite, dezenas de milhares de pessoas participaram de uma vigília iluminada por velas pelas vítimas do acidente com a balsa. Alguns foram até o palácio presidencial para exigir a renúncia de Park e a polícia prendeu 115 manifestantes.