Corpos de crianças revelam desespero em naufrágio na Coreia

A maioria dos corpos tinha dedos quebrados, o que indica que pessoas foram pisoteadas por crianças que tentavam escalar paredes e portas na tentativa de deixar a balsa

23 abr 2014 - 11h20
<p>Mergulhadores buscam vítimas no local onde a balsa Sewol afundou há uma semana</p>
Mergulhadores buscam vítimas no local onde a balsa Sewol afundou há uma semana
Foto: Reuters

Mergulhadores sul-coreanos entraram nesta quarta-feira nas águas escuras e frias que invadiram a balsa naufragada na semana passada, tateando cabines, corredores e conveses em busca de corpos de centenas de desaparecidos, inclusive muitas crianças.

Os mergulhadores só conseguem enxergar alguns centímetros à frente do rosto. Dos 476 passageiros e tripulantes a bordo da balsa, 339 eram crianças e professores numa excursão escolar. Apenas 174 pessoas foram resgatadas do naufrágio, e as demais supostamente se afogaram.

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A maioria dos corpos encontrados nos últimos dois dias tinha dedos quebrados, provavelmente pisoteados por crianças que buscavam freneticamente escalar paredes e portas para fugir, segundo a imprensa.

"Somos treinados para ambientes hostis, mas é difícil manter a bravura quando encontramos corpos na água escura", disse à Reuters o mergulhador Hwang Dae-sik, enquanto 25 alunos que morreram na tragédia eram sepultados nos arredores de Seul.

Os mergulhadores trabalham carregando dutos de oxigênio e linhas de comunicação. Eles conseguem passar cerca de uma hora submersos a cada vez, desde que os dutos de oxigênio não enrosquem em cantos da embarcação. Usando os tanques de oxigênio nas costas, a autonomia é de apenas 20 minutos.

A balsa naufragou na quarta-feira passada, após fazer uma curva repentina e adernar, no trajeto entre a cidade portuária de Incheon e a ilha turística de Jeju. O número confirmado de mortes chega a 150.

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O capitão da embarcação, Lee Joon-seok, de 69 anos, e outros tripulantes foram detidos sob suspeita de negligência.

Paralelamente, promotores que investigam o acidente fizeram buscas na casa de Yoo Byung-un, chefe da família proprietária da empresa Chonghaejin Marine, que operava a balsa Sewol.

Houve buscas também na casa do filho de Yoo e no escritório de uma igreja à qual ele é ligado, segundo um promotor que pediu anonimato.

As finanças da empresa Chonghaejin são alvo de suspeitas nos últimos dias, mas não está clara qual é a relevância das ações dos promotores. Yoo já passou quatro anos preso por fraude, na década de 1990.

Num gesto raro, a reclusa Coreia do Norte - que rotineiramente ameaça destruir a vizinha Coreia do Sul - enviou uma mensagem de solidariedade. Os dois países estão tecnicamente em guerra desde 1950.

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"Expressamos condolências pelos desaparecidos e mortos, inclusive jovens estudantes, pelo naufrágio da Sewol", disse a mensagem, divulgada pelo ministério sul-coreano da Unificação.

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