Não para de crescer o número de mulheres que se inscrevem em aulas e workshops de defesa pessoal, na Índia. Segundo Shihan Sharif Bapu, um premiado treinador de artes marciais de Mumbai, houve um grande aumento de mulheres que se matricularam em aulas de defesa pessoal desde 2012. “Antes as mulheres aprendiam a lutar porque eram obrigadas, fazia parte do currículo escolar delas, agora elas estão participando das aulas por vontade própria”, contou Bapu.
Malaika Joshi, de 28 anos, não costuma sair com os amigos aos sábados à noite. Ao invés disso, ela usa seu tempo para aprender técnicas de defesa pessoal. Os treinos de Krav Maga, uma arte marcial israelense, não são um hobby, mas sim uma necessidade. “Os índices de criminalidade estão subindo então eu decidi que precisava agir e fazer algo para me proteger e proteger meus entes queridos”, disse a instutora de dança de salão que costuma voltar sozinha para casa a noite.
As alunas de Shihan Sharif Bapu aprendem técnicas e habilidades específicas para que elas saibam se defender em lugares cheios, como os trens lotados de Mumbai.
Bapu, que treinava o time nacional de karatê contou que o número de empresas que optaram por treinar suas funcionarias também cresceu: “Antes eles organizavam festas ou piqueniques para seus funcionários, agora eles usam o orçamento para organizar workshops que ensinam técnicas de defesa pessoal". Houve também uma mudança na atitude dos pais, acrescenta Bapu. "Antes os pais matriculavam apenas os filhos homens para as aulas de judô e karatê, mas agora eles matriculam as meninas também”, disse ele.
Em setembro do ano passado, o governo de Maharashtra anunciou que iria incluir aulas de defesa pessoal no currículo escolar de 2014 e 2015.
O número de crimes registrados contra as mulheres em Mumbai dobrou em 2013. Embora a quantidade de denúncias tenha crescido, o número de criminosos na prisão não cresceu na mesma proporção, como prova o caso de uma menina de 16 anos de Kolkata. Ela foi queimada e violentada pela segunda vez, depois de denunciar seus estupradores. A polícia não forneceu nenhum tipo de proteação especial à garota, que morreu uma semana depois do segundo ataque.
Texto elaborado com informações da Al-Jazeera.