Especialistas ouvidos pela BBC News levantaram fatores que podem ter contribuído para o desaparecimento do voo QZ 8501 na região do mar de Java, na Indonésia. Entre eles estão as péssimas condições climáticas e uma perda repentina de velocidade.
Segundo Sean Maffett, ex-navegador da RAF (sigla da Força Aérea Britânica), o acidente ocorreu em uma área do globo conhecida como Zona Intertropical de Convergência – local onde o clima do hemisfério norte "colide" com o do hemisfério sul.
"Frequentemente há tempo ruim nessas áreas. Eu penso que se pode assumir que o problema foi o tempo ruim. E isso está conectado ao pedido do piloto para mudar a rota do voo", disse Maffett à BBC World News.
O voo QZ8501 transportava 162 pessoas entre a Indonésia e Cingapura quando perdeu contato com o controle aéreo, por volta das 6h20 deste domingo (21h20 de sábado, em Brasília). Ele é oficialmente considerado "desaparecido".
A companhia aérea AirAsia afirmou que antes de perder o contato com a torre de controle, o piloto do jato A320-200 pediu permissão para mudar de rota, a fim de desviar de uma tempestade.
"Ele pode ter visto nuvens de raios em seu radar climático e tentado desviar delas", disse Maffett.
Segundo ele, também surgiram informações não confirmadas de que o piloto teria tentado mudar de altitude. Segundo órgãos de imprensa locais ele teria pedido para subir a altitude do voo para 11 mil metros.
"É muito difícil voar sobre essas tempestades porque suas nuvens podem ficar a até 50 mil pés (mais de 15 mil metros) de altitude, o que é muito mais alto que um avião como esses pode subir".
"Essas nuvens têm turbulências severas e é um fato conhecido que elas podem quebrar turbinas de avião, por isso se tenta desviar delas", afirmou o aviador.
Contudo, segundo o também ex-aviador, capitão Desmond Ross, as mudanças de rota devido a tempestades são procedimentos normais na aviação. "Se o tempo está ruim você voa mais alto para dar um voo mais tranquilo aos passageiros ou voce vira à direita ou à esquerda se tem mau tempo ou tempestade de raios à sua frente", disse.
Velocidade reduzida
Especialista diz que velocidade de aeronave estava abaixo do esperado, segundo radar
O analista de aviação Geoffrey Thomas, editor do site Airlineratings.com, afirmou que dados de radar (não confirmados oficialmente) dizem que logo antes de perder o contato com o controle aéreo, o jato tentava subir a uma altura de 11 mil metros e estaria voando a cerca de 350 nós (650 km/h).
Segundo ele, essa velocidade estaria abaixo do esperado. A velociade ideal seria no mínimo cerca de 450 nós (830 km/h).
De acordo com Thomas, não é possível saber a razão da redução da velocidade. Uma hipótese possível seria uma falha nos instrumentos que medem a velocidade da aeronave, que teria confundido os pilotos.
Operações de busca
Ross, afirmou ainda que a cobertura de radar da área onde o avião desapareceu pode ajudar nas buscas.
"A área é bem coberta por radar e as autoridades podem usar os registros (desses equipamentos) para descobrir o ritmo do voo e onde ele desapareceu", afirmou.
Os primeiros passos em uma situação como essas é tentar o contato com o avião via rádio, a partir de diferentes estações de transmissão. Em seguida as operações de busca com aviões e navios são lançadas.
Segundo autoridades da Indonésia, as buscas se concetram em uma áres de 100 milhas nauticas quadradas (185 kilômetros quadrados) na regiãoo do mar de Java. Elas ocorreram por cerca de 10 horas neste domingo e foram suspensas no início da noite devido à escuridão.
A operação deve ser retomada na manhã de segunda-feira com ao menos cinco aviões.
Segundo Ross, se destroços do avião não forem achados na área inicial de buscas, ele deve ser expandida.