Estupro e enforcamento de jovens gera indignação na Índia

Polícia é acusada por familiares das vítimas de se omitir quando notificada na última terça-feira sobre o desaparecimento das adolescentes

30 mai 2014 - 20h30
(atualizado às 20h30)
<p>Repúdio à violência sexual aumenta desde 2012, quando jovem foi estuprada e morta por um grupo</p>
Repúdio à violência sexual aumenta desde 2012, quando jovem foi estuprada e morta por um grupo
Foto: Reuters

O caso de duas primas indianas de 14 e 16 anos encontradas mortas por enforcamento na última quarta-feira depois de terem sido vítimas de estupro coletivo no estado de Uttar Pradesh vem causando indignação na Índia.

A polícia é acusada por familiares das vítimas de se omitir quando notificada na última terça-feira sobre o desaparecimento das adolescentes. A razão seria discriminação social.

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"Quando fui à delegacia, a primeira coisa que me perguntaram era qual a minha casta. Quando respondi, começaram a me ridicularizar", disse um dos pais das meninas à BBC.

Na Índia, a casta é o grupo étnico ao qual uma pessoa pertence. Normalmente, os casamentos só ocorrem entre membros de uma mesma casta.

Em muitos casos, a violência é usada para ferramenta para reforçar o poder de castas consideradas superiores e para levar o medo às chamadas castas inferiores.

Ao menos três homens foram presos por envolvimento com o crime na vila de Katra Shahadatganj, que tem cerca de 10 mil habitantes.

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Apesar deles pertencerem à mesma casta das vítimas, as duas jovens pertenciam a uma classe tida como inferior dentro desta casta.

Dois policiais também estão detidos por conspiração no crime por terem se recusado a buscar pelas adolescentes após seu desaparecimento, segundo autoridades indianas.

O governo prometeu agilizar o andamento do caso na Justiça, que ocorreu no início desta semana.

Dois novos casos

Em meio a isso, surgiram relatos de dois novos estupros coletivos ocorridos no mesmo estado nesta semana.

O ministro-chefe de Uttar Pradesh, Akhilesh Yadav, reagiu com raiva ao ser questionado sobre o crescente número de casos deste tipo de crime.

"Você está seguro, por que isso o incomoda", disse Yadav a um jornalista.

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"Nenhum outro estado tem uma sala de controle da polícia como a que temos aqui. Se houver incidentes, vamos agir."

A polícia anunciou mais cedo que haverá uma "investigação completa" para averiguar as alegações de discriminação por casta na delegacia.

Em protestos realizados na vila das adolescentes, manifestantes disseram que a falta de saneamento básico nas áreas rurais indianas não ameaça apenas sua saúde, mas também sua segurança.

Segundo eles, muitos ataques ocorrem quando as mulheres precisam sair de casa para ir ao banheiro, especialmente à noite.

O repúdio à violência sexual vem aumentando na Índia desde 2012, quando uma estudante foi assassinada depois de ser vítima de um estupro coletivo em um ônibus em Nova Déli.

O governo endureceu as leis contra este tipo de crime no ano passado após a realização de manifestações de indignação pelo caso.

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Casos do tipo agora recebem tratamento especial da Justiça para serem julgados mais rápido e, nos crimes mais extremos, a pena de morte pode ser aplicada.

Alguns grupos de defesa da mulher argumentam que o baixo número de condenações por estupro poderia ser revertido com um policiamento mais efetivo, em vez de com a aplicação de penas maiores.

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