O número de casos de estupro registrados em Nova Délhi em 2014 subiu 31,6% com relação ao ano anterior, disse nesta sexta-feira a polícia da capital da Índia, que divulgou um relatório sobre os alarmantes níveis de violência sexual que afetam a cidade.
Segundo os dados oficiais, em Nova Délhi foram registrados 2.069 casos de estupro nos dois meses anteriores a 15 de dezembro de 2014, frente a 1.571 denúncias recebidas no ano anterior, o que implica uma alta de 31,6%, disse em coletiva de imprensa Bhim Sain Bassi, chefe da polícia da capital indiana.
Nova Délhi ganhou a alcunha de "capital do estupro" na Índia após a repercussão mundial do caso da estudante de medicina que morreu após ter sido violentada sexualmente por um grupo de homens dentro de um ônibus. O crime desencadeou uma onda de protestos no país e levou a um endurecimento das penas para os estupradores.
O relatório foi publicado no mesmo dia em que um motorista do sistema de transporte Uber compareceu à justiça após ser acusado de violentar uma passageira no último 5 de dezembro.
Para a polícia, este aumento das denúncias não significa que a cidade tenha se tornado mais perigosa para as mulheres, mas reflete um número maior de vítimas que denunciam e prestam queixa contra as agressões.
"Foram registrados mais casos já que as mulheres se sentem mais confiantes" para denunciar, argumentou Bhim Sain Bassi, que reconheceu que ainda falta muito para que todos os crimes sejam denunciados e registrados.
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"Pedimos a todos para unir nossas mãos para que cada mulher em Nova Délhi seja treinada em defesa pessoal. Quero que cada mulher tenha faixa marrom de judô", disse Bassi de acordo com a agência indiana "Ians".
Segundo ele, cerca de 62% dos crimes contra as mulheres são esclarecidos uma semana após a denúncia.
De acordo com os dados da polícia, até o dia 15 de dezembro de 2014 foram registraram 14.687 violações do código penal contra mulheres frente às 12.410 do ano anterior.
Desses casos, 2,069 foram estupros, em comparação aos 1,571 de 2013, e 4.179 crimes de abuso, bem acima das 3.345 ocorrências do ano anterior. No caso do assédio também foi registrado um coonsiderável aumento dos 879 de 2013 para os 1.282 de 2014.
Bassi ressaltou que, para reduzir os crimes contra as mulheres, "a mentalidade da sociedade" tem de mudar.
Segundo dados da Agência Nacional de Registro de Crimes (NCRB) divulgados em meados de junho, as denúncias por estupro na Índia aumentaram 35% em 2013 em relação ao ano anterior, enquanto os crimes contra a mulher cresceram 26%.
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De acordo com a agência, o aumento "parece mais o resultado de um aumento das denúncias que dos crimes em si", embora a mesma fonte tenha indicado que não é possível saber com certeza as causas dessa alta já que muitos dos casos "continuam sem ser denunciados".
Em dezembro de 2012 o brutal estupro e assassinato de uma estudante de 23 anos em Nova Délhi gerou uma onda de protestos e um debate sem precedentes no país sobre a situação da mulher, que levou a imprensa e organizações a serem muito sensíveis contra este tipo de abusos.
No entanto, os casos de violações se repetem e nesta mesma sexta-feira foi divulgada a informação há mandados de busca e captura de dois policiais acusados de sequestrar uma adolescente em casa e depois estuprá-la no interior de uma delegacia no norte da Índia.
Bibi Aisha: a jovem afegã Bibi Aisha tornou-se mundialmente conhecida após seu rosto ter sido desfigurado aos 18 anos pelo marido, na província de Uruzgan, Afeganistão. O homem era simpatizante do Talibã e cortou a orelha e o nariz dela por ter reclamado aos seus pais sobre maus tratos dos sogros. Ela havia protestado contra o costume de seu país, adotado por sua família, que a deu como presente ao noivo quando tinha apenas 12 anos. Em agosto de 2010, Bibi Aisha foi capa da Time. Ela passou por uma cirurgia de reconstrução do nariz após o incidente
Foto: Time
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Banaz Mahmod: a morte da jovem Banaz Mahmod, pelo chamado crime de honra, causou comoção mundial após a produção do filme-documentário "Banaz: A Love Story", de 2012, dirigido por Deeyah Khan. A jovem curda, de 20 anos, foi estrangulada em janeiro de 2006 no sul de Londres pelo pai e tio, nascidos no Iraque. O corpo dela foi encontrado enterrado dentro de uma mala no jardim da casa da família. Antes da morte, ela procurou a polícia dizendo estar sendo perseguida. "Estão me seguindo. Se alguma coisa me acontecer, são eles", disse aos oficiais. Banaz foi morta por ter se apaixonado por um homem, que não era aquele para quem estava prometida
Foto: Daily Mail
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Cartaz do filme-documentário "Banaz: A Love Story", de 2012, dirigido por Deeyah Khan. O filme conta a história da jovem de 20 anos que foi assassinada pela família por, supostamente, ter se apaixonado por um homem
Foto: Wikipédia
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Waris Dirie: assim como 99% das meninas da Somália, a somaliana Waris Dirie teve a genitália mutilada quando tinha apenas 5 anos. Ela conta que aquele foi o pior dia de sua vida e que quase morreu por causa do sangramento após o corte. Dirie fugiu da Somália quando tinha 13 anos, pois teria de se casar com um homem bem mais velho, em troca de 5 camelos. Ela fugiu para Londres onde, aos 18 anos, iniciou carreira de modelo. Depois de contar sua história publicamente, a ex-top model foi convidada a ser Embaixadora da ONU contra a prática de mutilação. Em 2002, ela abriu uma fundação que luta contra a mutilação genital feminina em vários países do mundo - a Desert Flower Foundation (Fundação Flor do Deserto)
Foto: Arquivo Fundação Flor do Deserto
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Filme "Desert Flower" conta a história de Dirie, uma mulher somaliana que foge de seu país para Londres, por causa de um casamento forçado aos 13 anos; ela se tornou top model e causou uma "revolução" ao levantar o tema da mutilação genital pelo mundo
Foto: Arquivo Fundação Flor do Deserto
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Malala Yousafzai: a estudante paquistanesa ficou internacionalmente conhecida por seu ativismo pelos direitos à educação e das mulheres, iniciado ainda quando criança. Em 2009, com quase 12 anos, Malala escreveu para a BBC, com um pseudônimo, detalhando sua vida dentro do regime do Talibã. Malala foi baleada na cabeça e pescoço em 9 de outubro de 2012, durante uma tentativa de assassinato, por talibãs armados, quando voltava para casa em um ônibus escolar. Ela passou inconsciente por quase dois meses, em estado crítico, porém, com a melhora do quadro, foi enviada para o Queen Elizabeth Hospital, em Birmingham, Inglaterra, para a reabilitação intensiva. Hoje, Malala vive no Reino Unido, após o Talibã reiterar desejo de matar ela e seu pai
Foto: AP
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Hatun Surucu: era uma mulher curda que vivia na Alemanha, cuja família era originalmente de Erzurum, na Turquia. Surucu foi assassinada em Berlim em 2005, com 23 anos, por seu irmão mais novo, em um crime de honra, pois havia se divorciado do primo, a quem foi forçada a se casar aos 16 anosSeu assassinato inflamou um debate público sobre o casamento forçado de famílias muçulmanas.Em outubro de 1999, Surucu fugiu da casa de seus pais em Berlim, encontrando refúgio em uma casa de cuidados a mães menores de idade.A curda frequentou a escola e se mudou para seu próprio apartamento no bairro de Tempelhof, em Berlim. Na época de seu assassinato, ela estava no final de um curso para se tornar um eletricista e namorava um alemão
Foto: Die Welt
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Songol Surucu, irmão de Alpaslan e Mutlu Surucu, faz o sinal de vitória para os fotógrafos enquanto espera por seus dois irmãos fora de um tribunal em Berlim depois terem sido absolvidos da acusação da morte de sua irmã, Hatun Surucu, em 13 de abril de 2006. Um terceiro irmão, Ayhan Surucu, que era menor de idade na época do crime, confessou e foi condenado a 9 anos de prisão
Foto: Getty Images
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Farzana Iqbal: a paquistanesa de 25 anos foi apedrejada até a morte por sua família do lado de fora de um dos principais tribunais do Paquistão no dia 27 de maio de 2014. Sua sentença de morte por honra aconteceu por ter se casado com o homem que amava.Ela estava esperando a abertura da Alta Corte na cidade de Lahore, leste do país, quando um grupo de dezenas de homens a atacou com tijolos. O pai dela, dois irmãos e um ex-noivo (que é seu primo) estavam entre os agressores. Todos os suspeitos, exceto o pai, escaparam.Farzana sofreu severos danos na cabeça e morreu no hospital. Seu marido disse que a polícia assistiu à cena e não fez nada para impedir os agressores. Ela estava grávida.
Foto: Reuters
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Amina Bibi: a paquistanesa de 17 anos morreu no dia 14 de março de 2014 após atear fogo no próprio corpo depois de a polícia ter soltado 3 dos 5 homens que teriam a estuprado no mês anterior. A adolescente teria recorrido a ativistas de seu país para tentar recorrer à decisão do tribunal de Muzaffargarh, leste do país. Sem conseguir agir, ela colocou se imolou em frente a uma delegacia de polícia como forma de protesto.
Foto: Reuters
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Meriam Yahia Ibrahim Ishag: a sudanesa de 27 anos foi condenada à forca em seu país por apostasia e adultério no dia 15 de maio de 2014. O tribunal deteve a mulher, que estava grávida e deu à luz na prisão, por ser cristã e não aceitar se converter ao islamismo. Ela terá a sentença cumprida dentro de dois anos. Meriam é casada com um homem cristão.A condenação à morte da jovem por um tribunal de Cartum provocou uma onda de indignação e protestos. Segundo militantes de direitos humanos, a jovem, presa há 4 meses, permanecerá detida no presídio para mulheres de Ondurman, maior cidade do Sudão.