Hiroshima lembra 69 anos de ataque nuclear com pedido de paz

Sino soou na hora exata em que a bomba atômica lançada pelos americanos atingiu a cidade há 69 anos

6 ago 2014 - 00h10
(atualizado às 03h54)
Pessoas enfrentam a chuva para orar pelas vítimas do ataque atômico
Pessoas enfrentam a chuva para orar pelas vítimas do ataque atômico
Foto: Kyodo / Reuters

A cidade de Hiroshima, no Japão, lembrou nesta quarta-feira o 69º aniversário do lançamento da bomba atômica, que acabou com a vida de centenas de milhares de seus habitantes no final da Segunda Guerra Mundial, com uma cerimônia na qual foram feitos pedidos de desarmamento nuclear e se defendeu o caráter pacifista da Constituição japonesa.

O evento aconteceu no Parque da Paz da cidade, situado perto do epicentro da explosão nuclear, e começou com um minuto de silêncio às 8h15 locais (20h15 de Brasília da terça-feira).

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Foi nessa hora exata que o avião B-29 Enola Gay da Força Aérea americana lançou no dia 6 agosto de 1945 a "Little Boy", o nome dado pelos EUA para a primeira bomba nuclear da história.

Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu ao governo japonês liderado por Shinzo Abe e a outros líderes mundiais, como o presidente dos EUA Barack Obama, que "trabalhem para conseguir uma maior aproximação entre os países que dispõem de armas nucleares e o restante do mundo", visando "o desarmamento total".

Matsui lembrou em seu discurso que está prevista a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) no ano que vem, coincidindo com a comemoração do 70º aniversário do bombardeio atômico.

O prefeito de Hiroshima também defendeu o caráter pacifista da Constituição japonesa, depois que o governo central passou a promover uma controvertida reinterpretação de sua Carta Magna para reforçar o papel das Forças de Autodefesa.

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Primeiro-ministro Shinzo Abe foi um dos vários políticos a participar do ato
Foto: Kyodo News / AP

"Nosso governo deve aceitar o peso do fato que conseguimos evitar as guerras durante 69 anos graças ao nobre pacifismo da Constituição japonesa", afirmou Matsui.

A cerimônia transcorreu sob uma chuva fina e marcada pelo silêncio dos milhares de presentes, que só foi quebrado pelos discursos de representantes políticos, de jovens da cidade e de sobreviventes da bomba - conhecidos no Japão como "hibakusha" - e pelos breves aplausos que acompanharam suas intervenções.

Entre os presentes estava o primeiro-ministro do Japão, a embaixadora dos Estados Unidos, Caroline Kennedy, e representantes de outros 67 países, entre eles potências nucleares como Reino Unido, França e Rússia.

Trata-se da primeira visita a Hiroshima da embaixadora americana desde que assumiu o cargo em novembro do ano passado, e a segunda de um representante diplomático dos EUA nessa cerimônia anual, após a de seu antecessor, John Ross, em 2010.

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Durante o ato também foi colocada uma lista com os nomes das 292.325 vítimas da bomba dentro de um monumento situado no Parque da Paz, na qual foram incluídos 5.507 "hibakushas" que morreram no ano passado.

A bomba foi detonada com uma intensidade de 16 quilotons a cerca de 600 metros de altura, muito próxima de onde foi erguido o parque em que aconteceu a cerimônia, e matou de forma imediata cerca de 80 mil pessoas.

Apesar da chuva, muitas pessoas compareceram à cerimônia, como a embaixadora dos Estados Unidos, Caroline Kennedy (centro)
Foto: Kimimasa Mayama / EFE

Mas esse balanço foi aumentando com o passar do tempo. No final de 1945, os mortos eram aproximadamente 140 mil e, nos anos seguintes, o número continuou crescendo devido às vítimas da radiação nuclear.

Depois do ataque em Hiroshima, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear - no dia 9 de agosto de 1945 - sobre a cidade de Nagasaki, o que forçou a rendição do Japão seis dias depois e colocou ponto final à Segunda Guerra Mundial.

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Os ataques com bombas nucleares sobre as cidades japonesas foram os únicos desse tipo executados até o momento. De acordo com as estimativas, o número total de "hibakusha" em Hiroshima e Nagasaki em março deste ano era de 192.719, 9.060 a menos do que no ano passado, e a média de idade das vítimas era de 79,44 anos.

  
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