Homens encapuzados atacaram nesta segunda-feira os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, em uma tentativa de acabar com as barricadas criadas pelo movimento no epicentro dos protestos que exigem de Pequim o sufrágio universal pleno no território.
Os confrontos aconteceram em uma ampla avenida ocupada em Admiralty, o bairro dos ministérios, quando homens com máscaras de cirurgião tentaram destruir as barricadas.
Os policiais conseguiram prender dois manifestantes e formaram um cordão para impedir os ataques.
Os manifestantes acusaram a máfia chinesa, que já havia sido apontada como a responsável por incidentes violentos em áreas ocupadas pelos ativistas.
A televisão exibiu imagens de um homem obrigado pela polícia a entregar uma navalha.
Durante o incidente, vários taxistas, irritados com os bloqueios impostos pelos manifestantes, insultaram os ativistas pró-democracia.
A polícia divulgou um comunicado com um pedido para que os manifestantes não apresentassem oposição e acabassem com os obstáculos que bloqueiam as ruas.
"Estou irritado porque este 'movimento dos guarda-chuvas' é dos estudantes de Hong Kong. A polícia não deveria ser nossa inimiga, e sim nossa amiga", disse à AFP Kim Kwan, um estudante de 21 anos.
"A polícia se nega a conversar com a gente e faz o que tem vontade", afirmou Wong King-wa, de 25 anos.
Os agentes não utilizaram equipamento antidistúrbios. O chefe de Governo de Hong Kong, Leung Chun-ying, havia prometido que a polícia faria "uso limitado da força".
Barricadas retiradas pela polícia
A polícia de Hong Kong começou nesta segunda-feira a retirar barricadas levantadas pelos manifestantes pró-democracia em algumas zonas da área tomada pelos protestos desde que há 16 dias começou a ocupação popular.
Segundo um comunicado emitido pela Polícia da antiga colônia britânica, a operação de retirar as barricadas começou nas áreas de Admiratly e Mong Kok a fim de aliviar o trânsito.
As autoridades policiais assinalaram que suas operações não foram nenhuma tentativa de despejar os lugares de protesto.
Na área de Admiralty, onde os manifestantes concentram os protestos ao redor dos prédios governamentais desde o dia 28 de setembro, a Polícia liberou duas vias para facilitar aos funcionários públicos ter acesso a seus escritórios em seus próprios veículos.
Enquanto isso, várias ruas na região central e algumas vias nos bairros de Mong Kok e Causeway Bay continuam ocupadas pelas dezenas de manifestantes que passaram ali a noite do domingo.
Há mais de duas semanas, os manifestantes, em sua maioria estudantes, ocupam vários bairros e avenidas estratégicas da ex-colônia britânica, que enfrenta a mais grave crise política desde que o Reino Unido devolveu o território a China em 1997.
Os pró-democracia exigem o sufrágio universal nas eleições de 2017 que decidirão o próximo chefe de Governo local. Pequim anunciou em agosto que terá poder de aprovar ou vetar os candidatos, o que os ativistas consideram inaceitável.
O movimento também exige a renúncia do chefe do Executivo local, que consideram uma marionete de Pequim.
Leung Chun-ying declarou no domingo que seus críticos não praticamente nenhuma possibilidade de obter a aprovação de Pequim para suas demandas.
Hong Kong é um território com status especial e, ao contrário da China continental, goza de muitas liberdades, como a de expressão e manifestação. Também tem um sistema político multipartidário, quando o restante do país é governado pelo Partido Comunista (único).
Com informações da AFP e EFE.