Índia: ministro lamenta ter anunciado "centro de cura gay"

Índia ilegalizou em dezembro de 2013 as relações entre homossexuais, quatro anos depois que foram despenalizadas

13 jan 2015 - 13h35
(atualizado às 14h18)
Ramesh Tawadkar, assegurou que falava de jovens drogados ou que sofreram abusos sexuais, não da comunidade LGBT
Ramesh Tawadkar, assegurou que falava de jovens drogados ou que sofreram abusos sexuais, não da comunidade LGBT
Foto: @IndiaToday / Twitter

O ministro regional indiano que anunciou a criação de um centro para jovens homossexuais voltarem a ser "normais" disse que suas palavras foram "erroneamente citadas", após receber diversas críticas.

O titular de Esportes e Juventude do estado ocidental de Goa, Ramesh Tawadkar, assegurou em declarações aos meios de comunicação que quando ontem mencionou a abertura do centro, falava de jovens drogados ou que sofreram abusos sexuais, não da comunidade LGBT (lésbica, gay, bissexual e transsexual), segundo publica a agência local "Ians".

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O chefe do Executivo de Goa, Lakshmikant Parsekar, negou hoje a existência de políticas governamentais destinadas a "normalizar" o coletivo de LGBT e argumentou que as palavras de seu ministro de Juventude poderiam ser fruto da "ignorância".

"O homossexualismo é um dom natural", sentenciou Parsekar em declarações recolhidas pelo canal "NDTV", um dia depois que Tawdkar anunciou a criação de um centro similar aos Alcoólicos Anônimos no qual, disse, também seriam dados "remédios".

As palavras do ministro, pertencente ao BJP, partido do primeiro-ministro, Narendra Modi, também suscitaram reprovações entre os ativistas a favor dos direitos dos homossexuais.

O organizador do festival gay Nigah Queer, Gautam Bhan, qualificou à Agência Efe o anúncio realizado pelo ministro de Goa de "infeliz e sem nenhum rigor cientista".

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A consideração do homossexualismo como uma doença vai contra a visão das instituições indianas, como a Sociedade Índia de Psiquiatria, concretizou Bhan.

"Esperamos mais de um governo que fala tão alto sobre uma Índia nova e moderna, aquela não pode ser atingida sem respeito básico a todos os cidadãos", criticou o ativista.

A Índia ilegalizou em dezembro de 2013 as relações entre homossexuais, quatro anos depois que foram despenalizadas.

Em discurso ontem em Nova Délhi, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu que as leis que criminalizam relações pactuadas entre adultos do mesmo sexo "violam os direitos básicos à privacidade e à não discriminação".

Ban se declarou "orgulhoso" de reivindicar a igualdade de todas as pessoas, incluindo "aquelas que são lésbicas, gays, bissexuais e transexuais".

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Apesar de em 2014 a Corte Suprema indiana reconhecer os transsexuais como um terceiro gênero diferente ao masculino e feminino, a comunidade LGBT segue sofrendo uma grande discriminação no país.

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