As autoridades da Indonésia estão finalizando neste sábado os preparativos para a execução da pena de morte de seis condenados, entre eles o brasileiro Marco Archer Cardoso e outros quatro estrangeiros, apesar dos vários pedidos de clemência.
O procurador-geral, Muhammad Prasetyo, informou que cinco condenados foram transferidos para a penitenciária de Nusakambangan e o sexto à de Boyolali, ambas situadas na ilha Java, onde as sentenças serão executadas à meia-noite no horário local, informou o jornal "Kompas".
Prasetyo acrescentou que os seis pelotões de fuzilamento estão preparados e que foi oferecido atendimento religioso para cada um dos condenados, segundo suas crenças.
Também disse que foram rejeitados os pedidos de clemência para os seis condenados - Marco Archer, um holandês, dois nigerianos, um vietnamita e um indonésio - todos eles pelo crime de tráfico de drogas.
"Com isso (as execuções), mandamos uma mensagem clara para os membros dos cartéis do narcotráfico. Não há clemência para os traficantes", declarou o procurador-geral.
Estas serão as primeiras das 20 execuções que as autoridades da Indonésia planejam realizar neste ano depois que, em 2014, não houve nenhuma e apesar dos novos pedidos de clemência de última hora.
A presidente Dilma Rousseff telefonou na sexta-feira para o chefe de Estado indonésio, Joko Widodo, para pedir que a pena de morte não seja aplicada a Marco Archer, que é instrutor de voo livre e foi preso ao tentar entrar no país, em 2004, com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta.
Widodo, que recentemente insistiu em afirmar que não vai perdoar a pena de morte para os crimes relacionados com o tráfico de drogas, respondeu que "não poderia comutar a sentença", pois foram cumpridos todos os trâmites legais.
A Anistia Internacional (AI) pediu a interrupção da pena de morte a Widodo, que tomou posse em outubro e foi considerado por muitos ativistas como uma esperança de uma mudança no país.
"O novo governo indonésio jurou o cargo com a promessa de melhorar o respeito pelos direitos humanos, mas levar tais execuções adiante seria um retrocesso. As autoridades deveriam estipular, de maneira imediata, uma moratória no uso da pena de morte, visando sua eventual abolição", disse o diretor da AI na Ásia, Rupert Abbott.
Além da AI, várias organizações locais de amparo aos viciados em drogas enviaram uma carta ao presidente indonésio solicitando o cancelamento das execuções.
Um dos que assinaram o documento, o fundador da ONG Fortalecimento e Ação pela Justiça, Rudhy Wedhasmara, disse que a solução para o tráfico de drogas não é a pena de morte, cujas vítimas, disse, são pessoas que estão em uma posição frágil e vulnerável, e não os grandes chefões dos cartéis do narcotráfico.
"O estado não deveria tentar aliviar seu fracasso na política de luta contra o tráfico de drogas com a pena de morte", disse Wedhasmara, segundo o jornal "Kompas".