O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, realizou nesta segunda-feira (11) uma visita histórica a um museu da Segunda Guerra Mundial na cidade japonesa de Hiroshima. O local recorda a morte de mais de 140 mil japoneses, vítimas da primeira detonação de uma bomba atômica numa guerra.
A visita de Kerry, que foi acompanhada pelos seus homólogos de Reino Unido, França, Canadá, Alemanha, Itália e Japão, na cúpula dos ministros do Exterior do G7, é vista como um possível prelúdio para uma visita semelhante do presidente americano Barack Obama, que estará presente no encontro anual da cúpula dos países industrializados do G7, no próximo mês, no Japão.
"Nós reafirmamos nosso compromisso em buscar um mundo mais seguro para todos e criar as condições para um mundo livre de armas nucleares de uma maneira que promova estabilidade internacional", disse o grupo na "Declaração de Hiroshima". O anfitrião da cúpula é o ministro do Exterior do Japão, Fumio Kishida, natural de Hiroshima e representante a cidade no Parlamento japonês.
"Enquanto revisitamos o passado e honramos aqueles que morreram, esta viagem não é sobre o passado", disse Kerry. "É sobre o presente e, em particular, sobre o futuro, sobre a força da relação que construímos."
Kerry é o representante de mais alta patente dos EUA a ter visitado o memorial. É também a primeira vez que diplomatas de Reino Unido e França – também potências nucleares – visitam o local.
Bombardeio do Japão
Em 6 de agosto de 1945, um avião militar americano lançou uma bomba nuclear sobre Hiroshima, aniquilando a cidade japonesa. A precipitação radioativa matou dezenas de milhares de pessoas quase instantaneamente. E até o final daquele ano, cerca de 140 mil habitantes de Hiroshima morreram em consequência da explosão – sem esquecer as muitas mortes nos anos seguintes causadas pela radiação.
Pouco depois do bombardeio, os Estados Unidos convocou o Japão a se render incondicionalmente. Quando o então império asiático recusou, outra bomba atômica foi lançada sobre a cidade de Nagasaki, em 9 de agosto. O Japão então iniciou o processo de rendição, que se tornou oficial seis dias depois.
A visita de Kerry, e qualquer possível ida de Obama ao Japão, entretanto, não devem ser vistas como um pedido de desculpas. A maioria dos americanos enxerga o uso de bombas atômicas contra o Japão como um meio necessário para encerrar a guerra. Do ponto de vista deles, em última análise, as bombas salvaram muitas vidas americanas.
A Casa Branca ainda não deu qualquer indicação sobre se Obama visitará Hiroshima, mas como mostrou em sua viagem a Cuba, no mês passado, o presidente americano está disposto a realizar discursos ousados.
Além disso, uma visita a Hiroshima seguiria uma linha política de Obama, que, durante um discurso em 2009, em Praga, pediu por um mundo sem armas nucleares. Na ocasião, ele afirmou que seria uma honra visitar as duas cidades japonesas atacadas pelos EUA durante a Segunda Guerra.