A mãe de aluguel tailandesa no centro da polêmica sobre um bebê com síndrome de Down indicou nesta terça-feira que quer reaver a gêmea saudável do garoto, que foi levada para adoção na Austrália.
Pattaramon Chanbua, 21, disse que ficou "chocada" com as informações veiculadas na imprensa australiana de que o pai adotivo cumpriu sentença por abusar sexualmente de uma criança.
A jovem acusa o casal de levar a menina e abandonar o seu irmão, Gammy, de sete meses de idade, porque ele tem síndrome de Down e sofre de uma malformação cardíaca congênita que requer tratamento urgente.
Na terça-feira, o Canal 9 de TV da Austrália veiculou uma reportagem segundo a qual o pai – cuja identidade permanece anônima – foi condenado e preso em 1998 por abusar de uma menor de 13 anos de idade, circunstância da qual sua mulher atual teria conhecimento.
"Estou chocada e preocupada (com a notícia)", reagiu Chanbua, em uma entrevista coletiva no hospital Samitivej em Sriracha, na costa da Tailândia, nesta quarta-feira. "Agora mesmo, estou muito preocupada".
Questionada sobre uma possível ação para reaver a filha de volta, a mãe disse: "Isso cabe à Justiça decidir".
A agência Fairfax Media informou que a mãe havia expressado o desejo de trazer a menina de volta após tomar conhecimento das revelações divulgadas pela emissora australiana.
"Estou muito preocupada pela minha filha. Preciso de ajuda de quem puder trazer minha filha de volta o mais rápido possível", disse a mãe, segundo a agência. "Esta notícia me dá náuseas. Quero cuidar dos meus gêmeos. Não vou entregar nenhum dos dois a qualquer família que queira um bebê".
"Quero (minha filha) porque ela é minha bebê. Ela saiu do meu ventre".
Casal diz que não sabia
Na terça-feira, o casal afirmou que não sabia da existência de Gammy. Chanbua diz, no entanto, que o pai visitou os gêmeos no hospital.
Segundo ela, o homem, que tem cerca de 50 anos, "foi ao hospital para cuidar da menina, mas nunca olhou Gammy nos olhos ou o segurou no colo" - apesar de os dois bebês ficarem lado a lado.
Chanbua alega que o casal pediu que ela fizesse um aborto quando soube da condição de Gammy, aos quatro meses de gravidez, mas ela se recusou porque isso feria suas crenças budistas.
O caso ganhou as manchetes internacionais e causou alvoroço particularmente na Austrália, onde tanto o primeiro-ministro, Tony Abbott, quanto o ministro da Imigração, Scott Morrison, entraram na história.
Durante a entrevista, Chanbua disse que aceita a oferta do governo australiano de conceder cidadania australiana a Gammy, o que lhe permitiria se beneficiar de cuidado médico gratuito no país.
Mas com quase R$ 500 mil já arrecadados em uma campanha online para ajudar o garoto, a jovem disse que prefere tratar seu filho na Tailândia.