Os manifestantes abandonavam nesta terça-feira as ruas de Hong Kong, onde permaneciam apenas pequenos grupos, após a decisão dos líderes estudantis de dialogar com o governo diante da pressão da opinião pública. O diálogo terá início ainda esta semana.
Entre 200 e 300 manifestantes seguiam na manhã desta terça-feira em três pontos de concentração, onde há alguns dias se reuniam milhares de pessoas.
Lester Shum, o responsável pela Federação de Estudantes, uma das três organizações que organizam os protestos pró-democráticos e interlocutor oficial com o governo local, afirmou nesta terça-feira que o Executivo da cidade e o agrupamento chegaram ontem a um acordo de iniciar um diálogo sobre a reforma política, cujo primeiro encontro vai acontecer esta semana.
Shum disse que tinha acordado com o subsecretário de assuntos constitucionais e relações com a China, Lau Kong-wah, múltiplas rodadas de conversas baseadas em uma relação de igualdade e respeito mútuo.
"Estivemos de acordo que o início das reuniões seja esta semana. Queremos que seja um diálogo profundo, não apenas uma conversa informal ou uma sessão de consulta", esclareceu Shum à imprensa.
O representante pontuou que ainda não foi definido o local desta primeira reunião, da qual participará a número dois do Executivo local, a secretária-chefe Carrie Lam. A associação estudantil rejeitou se reunir com o chefe de governo, Leung Chun-ying, a quem consideram uma "marionete" de Pequim e pedem sua renúncia.
A vida em Hong Kong começou a voltar à normalidade na segunda-feira, com a reabertura das escolas e o retorno ao trabalho de boa parte da população, incluindo 3 mil funcionários públicos que tiveram acesso à sede do governo.
Mas algumas ruas permaneciam bloqueadas nesta terça, o que levou várias linhas de ônibus a procurar rotas alternativas, engarrafando o trânsito e lotando o metrô.
O movimento pró-democracia obteve o apoio de boa parte da população, mas após oito dias de paralisia em Hong Kong os habitantes perderam a paciência.
Os estudantes, que se reuniram na noite de segunda-feira com um representante do governo para "discussões preliminares" sobre a abertura do diálogo oficial, aceitaram desbloquear as ruas.
"Teremos várias rodadas de negociações", explicou Lester Shum, subsecretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das promotoras da mobilização.
Ray Lau, encarregado do governo de Assuntos Constitucionais e do Continente, manifestou sua esperança de que haja "respeito mútuo" nas negociações, que devem começar esta semana.
Hong Kong atravessa a pior crise política desde a devolução à China, em 1997.
Apesar de a China concordar em estabelecer o sufrágio universal na próxima eleição ao Executivo do território autônomo em 2017, pretende manter o controle das candidaturas, uma proposta inaceitável para o movimento pró-democracia.
Com informações da AFP e EFE.