Marido de apedrejada diz que polícia não impediu crime

Polícia paquistanesa presenciou o apedrejamento da mulher pela família e não teria agido, de acordo com marido

29 mai 2014 - 09h12
(atualizado às 13h37)
<p>Iqbal está sendo ameaçado pelos assassinos de sua mulher</p>
Iqbal está sendo ameaçado pelos assassinos de sua mulher
Foto: BBC News Brasil

O marido de uma mulher paquistanesa apedrejada até a morte por sua própria família disse à BBC que a polícia presenciou o crime e nada fez.

Grávida de três meses, Farzana Parveen foi assassinada em plena luz do dia, em frente ao edifício da Alta Corte da cidade de Lahore.

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Ela havia se casado com Muhammad Iqbal por vontade própria, mesmo ele sendo processado por seus parentes, que acusavam o homem de ter sequestrado a mulher e a obrigado a se casar. 

Os dois haviam ido ao tribunal contestar tais acusações.

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A família era contrária ao casamento e por isso matou Farzana ao espancá-la e agredi-la com tijolos."Eles [os policiais] viram Farzana ser morta e não fizeram nada", disse seu marido Muhammad Iqbal.

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Casamentos arranjados são a norma no Paquistão e se casar contra a vontade da família é impensável em muitas comunidades profundamente conservadoras. Farzana era prometida a um primo.

A chefe de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, disse que estava "profundamente chocada" e pediu que o governo do Paquistão tomasse "medidas urgentes e fortes".

Muitas mulheres são punidas com a morte por parentes, acusadas de desonrar a família. Os chamados "assassinatos de honra" continuam a vitimar mulheres paquistanesas.

Iqbal descreveu os policiais como "vergonhosos" e "desumanos" por não terem parado o ataque.

"Nós estávamos gritando por socorro, mas ninguém ouviu. Um dos meus parentes tirou a roupa para chamar a atenção da polícia, mas eles não intervieram", contou.

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O pai de Farzana Parveen depois se entregou à polícia, mas outros parentes que participaram do ataque ainda estão livres.

Ameaças

Farzana foi morta porque não quis se casar com primo
Foto: BBC News Brasil
Iqbal afirmou que ele e sua família estavam sendo ameaçados. "Ontem [terça-feira], eles disseram que iriam roubar o cadáver. Viemos aqui com uma escolta policial", contou.

O chefe da polícia local Mujahid Hussain disse que alguns deles foram presos e outros estão sendo investigados.

Farzana vinha de uma pequena cidade nos arredores de Lahore. Seus parentes abriram um processo por sequestro contra Iqbal, seu marido, no Supremo Tribunal.

Os recém-casados foram ao tribunal de Lahore para contestar o caso, mas Farzana já havia inclusive testemunhado à polícia que havia casado por sua própria vontade.

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Iqbal disse à BBC que quando o casal chegou ao tribunal na terça-feira para contestar a ação, os parentes de sua esposa estavam lá e tentaram levá-la embora.

Enquanto ela lutava para libertar-se, eles a arrastaram, a jogaram no chão, atiraram-lhe tijolos e esmagaram sua cabeça. Ela morreu na calçada.

A Comissão de Direitos Humanos do Paquistão diz que 869 mulheres foram mortas em "assassinatos de honra" no país no ano passado, embora acredita-se que o número real possa ser maior.

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