Mais de 1 mil pessoas protestaram, nesta quarta-feira, em uma das cidades que mais abriga muçulmanos nas Filipinas, contra a nova edição da revista francesa Charlie Hebdo que traz na capa uma charge do profeta Maomé triste, segurando um cartaz escrito "Eu sou Charlie". A informação é da agência de notícias AFP.
Políticos locais, estudantes e mulheres com as cabeças cobertas lotaram a principal praça de Marawi, no sul das Filipinas. Alguns deles erguiam os punhos em forma de protesto enquanto outros queimavam um pôster da publicação.
"O que aconteceu na França, o atentado contra a Charlie Hebdo, é uma lição moral para o mundo de como respeitar qualquer religião, principalmente a islâmica", disseram os organizadores do ato em um comunicado. "Liberdade de expressão não significa insultar o grande e nobre profeta de Alá (Deus no islamismo)".
Um grupo autodenominado "Boses ng Masa", ou "Voz das Massas" organizou a manifestação, que atraiu 1,5 mil pessoas, de acordo com a polícia. Agentes de segurança disseram à AFP que organizações não-governamentais e o proprietário da escola local eram algumas das pessoas que estavam por trás do protesto.
Os manifestantes exibiam flâmulas com as seguintes mensagens: "Você é Charlie", em resposta à frase "Eu sou Charlie", difundida após o ataque contra a revista, que deixou doze pessoas mortas.
Outros cartazes diziam "A França tem que pedir perdão" e "Vocês zombaram do nosso profeta, agora querem pedir desculpas?".
Os muçulmanos são uma população minoritária nas Filipinas, um país predominantemente católico. O maior grupo rebelde muçulmano filipino assinou um acordo de paz com o governo em 2013, pondo fim a décadas de luta por um Estado independente. Contudo, outras facções islâmicas têm operado no sul do país, tendo algumas delas apoiado os grupo terrorista Al Qaeda e prometido lealdade ao Estado Islâmico.