Nagasaki defende pacifismo do Japão em aniversário de ataque

Cidade japonesa lembrou neste sábado o 69º aniversário do bombardeio atômico que sofreu em 1945, pelos americanos, na 2ª Guerra Mundial

9 ago 2014 - 04h32
(atualizado às 04h43)
Milhares de pessoas fizeram um minuto de silêncio no Parque da Paz da cidade, acompanhado pelos tradicionais badalos do chamado Sino da Paz, em homenagem às vítimas da bomba
Milhares de pessoas fizeram um minuto de silêncio no Parque da Paz da cidade, acompanhado pelos tradicionais badalos do chamado Sino da Paz, em homenagem às vítimas da bomba
Foto: Kyodo / Reuters

A cidade de Nagasaki, no Japão, lembrou neste sábado o 69º aniversário do bombardeio atômico que sofreu em 1945 em uma cerimônia na qual o caráter pacifista da Constituição japonesa foi defendido pelo prefeito da cidade, depois da reinterpretação polêmica da Carta Magna promovida pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe.

A cerimônia anual começou às 11h02 locais (23h02 de Brasília da sexta-feira), o momento exato em que a bomba "Fat man" (homem gordo) explodiu sobre a cidade há 69 anos, três dias depois do ataque nuclear contra Hiroshima.

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Milhares de pessoas fizeram um minuto de silêncio no Parque da Paz da cidade, acompanhado pelos tradicionais badalos do chamado Sino da Paz, em homenagem às vítimas da bomba.

O artefato nuclear, lançado sobre o vale que concentrava grande parte do tecido industrial no norte da cidade portuária, acabou num instante com a vida de aproximadamente 74 mil pessoas e fez com que outros milhares morressem nos anos seguintes por causa da radiação.

O prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, pronunciou um discurso no qual pediu que o Executivo central continue com seus esforços diante da comunidade internacional para evitar a proliferação nuclear, e criticou a revisão da Carta Magna promovida por Shinzo Abe.

"O artigo incluído na Constituição segundo o qual nosso país deve renunciar à guerra é o princípio fundamental do Japão no pós-guerra e de Nagasaki, um Estado e uma cidade que sofreram com a bomba atômica", afirmou Taue diante de Abe, que assistiu à cerimônia e se sentou a poucos metros do prefeito da cidade.

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Primeiro-ministro Shinzo Abe, que participou da cerimônia, propôs uma revisão da Carta Magna do país, de caráter pacifista
Foto: Kyodo / Reuters

Com isso, Taue se juntou à defesa da Carta Magna feita por seu colega em Hiroshima, Kazumi Matsui, também durante a cerimônia anual de aniversário do bombardeio nuclear nesta outra cidade japonesa, realizado no último dia 6.

No início de julho, o governo aprovou - em meio a fortes protestos - uma histórica modificação de sua Constituição pacifista que pretende dar ao Japão um papel mais ativo internacionalmente, aumentando seu perfil militar.

Participaram do evento de hoje representantes de cerca de 50 países, entre eles de potências nucleares como Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e também da União Europeia.

Os EUA fizeram o primeiro ataque nuclear da história sobre a cidade de Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945. Três dias depois, lançaram uma segunda bomba atômica sobre Nagasaki, o que forçou a rendição do Japão no dia 15 de agosto, pondo fim à Segunda Guerra Mundial. Os ataques com bombas atômicas sobre as duas cidades japonesas foram os únicos realizados até hoje.

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Em março deste ano, o número total de "hibakusha", nome dado no Japão às vítimas e sobreviventes dos dois bombardeios, em Hiroshima e Nagasaki era de 192.719, quase 10 mil a menos (9.060) que no ano passado, e sua média de idade gira em torno dos 79,44 anos.

  
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