O Nepal informou entidades de ajuda humanitária que não precisa de mais equipes de resgate estrangeiras para ajudar na busca de sobreviventes do terremoto, porque seu governo e seus militares conseguem arcar com a tarefa, declarou o representante nacional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) à Reuters.
"As buscas e os resgates continuarão, mas a mensagem que eles queriam que passássemos é que eles já têm o suficiente com que lidar”, disse Jamie McGoldrick. O aviso foi transmitido pelo governo e pelos militares nepaleses para as entidades de assistência numa reunião na tarde desta terça-feira.
Se as equipes médicas e de resgate estrangeiras estiverem "no ar ou acabado de pousar, podem vir nos ajudar", afirmou McGoldrick. "Mas se estiverem na pista de decolagem de seu país esperando para partir, estamos lhes dizendo que não venham."
O governo não estava disponível para comentários de imediato.
O destino de milhares de pessoas continua incerto, mas quatro dias após o tremor de magnitude 7,9 ter destruído edifícios e matado pelo menos 4.600 pessoas, diminuem as esperanças de encontrar sobreviventes nos destroços. Mais de 9.200 pessoas ficaram feridas.
Alguns vilarejos remotos que se acredita terem sido devastados pelo terremoto ainda não foram alcançados, e nesta terça-feira uma autoridade local disse que até 250 pessoas estão desaparecidas após uma avalanche recente.
Também nesta terça-feira, o primeiro-ministro nepalês, Sushil Koirala, declarou que o saldo de mortos pode chegar a 10 mil.
"Após as primeiras 72 horas a taxa de sobrevivência cai dramaticamente, e estamos no quarto dia", disse Wojtek Wilk, do Centro Polonês de Ajuda Internacional, uma ONG que tem seis médicos e 81 bombeiros no Nepal. "No quinto dia, é próxima de zero."
Equipes de resgate de todo o mundo continuavam chegando à capital, Katmandu, nesta terça-feira. Outras ainda não conseguiram alcançar a nação himalaia tão rápido quanto gostariam, porque o único aeroporto internacional do país está funcionando de forma intermitente em função das repetições dos tremores.
Grupos de busca e resgate "que ainda não chegaram a Katmandu são aconselhados a ficar onde estão", afirmou um alerta num site da Organização das Nações Unidas (ONU) para a coordenação de emergência, dizendo ainda que as equipes médicas estrangeiras nesta condição devem "ficar de prontidão".
SEM COORDENAÇÃO
Como as buscas estão sendo direcionadas a áreas mais afastadas, não há necessidade de equipes internacionais portando equipamentos pesados, já que muitas casas são feitas de barro ou madeira, justificou McGoldrick.
Em Basundhara, no norte da capital, grupos de Holanda, França, Turquia e Índia, além do Exército do Nepal, compareceram para procurar três sobreviventes supostamente enterrados sobre os escombros. Como um segundo cão farejador não captou o odor de nenhuma pessoa, a busca foi cancelada.
"Agora não há esperança aqui", disse Huijbrechts Marcel, da equipe holandesa, à Reuters. "Quando chegamos aqui ontem não havia nenhuma coordenação. Só havia uma recepção onde podíamos nos registrar e obter permissão para montar nossa base, mais nada", declarou.
(Reportagem adicional de Frank Jack Daniel, em Katmandu; e de Danish Siddiqui e Andrew MacAskill, em Nova Délhi)