Noventa mil civis fogem dos combates no norte de Mianmar

Cerca de 30 mil teriam se refugiado na província vizinha chinesa de Yunnan, o que preocupa Pequim, que vê nisto uma ameaça contra a segurança de suas fronteiras

18 fev 2015 - 15h30
(atualizado às 16h11)
<p>Uma menina chora no ombro de seu pai enquanto eles esperam para ser evacuados por uma equipe de resgate voluntário após os combates entre rebeldes e forças do governo, em Laukkai, em 17 fevereiro</p>
Uma menina chora no ombro de seu pai enquanto eles esperam para ser evacuados por uma equipe de resgate voluntário após os combates entre rebeldes e forças do governo, em Laukkai, em 17 fevereiro
Foto: AP

Cerca de 90 mil civis fugiram dos confrontos no norte de Mianmar protagonizados pelos rebeldes e pelo exército há vários dias, segundo informaram nesta quarta-feira autoridades locais birmanesas.

Cidades e povoados inteiros foram evacuados e os refugiados se deslocaram até a cidade de Lashio, a 140 km de distância de Laukkai, epicentro dos combates que foram retomados no último 9 de fevereiro nesta região, afirmou um jornalista da AFP.

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Segundo um deputado local, mais da metade da população da localidade de Laukkai haveria abandonado a região, uma fuga que as vezes acontece em meio a ataques do combate.

Além disso, um comboio da Cruz Vermelha local que havia chegado para dar assistência a uma centena de pessoas que tentavam fugir foi alvo de tiros na terça-feira no final do dia, segundo contaram alguns refugiados à AFP.

Crianças tomam café em um campo de refugiados na cidade de fronteira da China com Mianmar, em 18 de fevereiro
Foto: AP

"É um milagre termos saído ilesos. Estávamos agachados dentro do caminhão. O motorista foi atingido pelas balas e havia muito sangue", contou nesta quarta-feira à AFP Maung Ying, que encontrou refugio em Lashio, a dezenas de quilômetros dali.

O exército e os rebeldes se acusaram mutuamente de ter aberto fogo contra os veículos no sul de Laukkai.

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Pessoas viajam em um caminhão para um campo de refugiados, na cidade de fronteira da China com Mianmar, Nansan, na província de Yunnan, em 18 de fevereiro
Foto: AP

"Os militares reforçaram sua presença com taques e artilharia pesada. Pensamos que haverá mais combates", declarou Tar Parn Hla, porta-voz do exército de libertação Ta'ang, que combate ao lado dos rebeldes de Kokang.

Cerca de 30.000 pessoas teriam atravessado a fronteira para refugiarem-se na província vizinha chinesa de Yunnan, o que preocupa Pequim, que vê nisto uma ameaça contra a segurança de suas fronteiras.

A situação cada vez mais preocupante para o poder, que enfrenta vários conflitos que ameaçam a difícil transição democrática iniciada em 2001 quando acabou o poder ditatorial do exército.

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