"Nunca fui tão feliz", diz Malala em sua volta ao Paquistão

30 mar 2018 - 15h53
(atualizado às 16h19)
Vencedora do prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, durante entrevista à Reuters em um hotel em Islamabad. 30/03/2018. REUTERS/Saiyna Bashir
Vencedora do prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, durante entrevista à Reuters em um hotel em Islamabad. 30/03/2018. REUTERS/Saiyna Bashir
Foto: Reuters

A ganhadora do prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai diz que ela ansiava por sua casa, no pitoresco Vale Swat, no Paquistão, mesmo quando lembrava os dois anos vivendo com medo sob a dura interpretação da lei islâmica pelo Talibã.

Visitando sua cidade natal pela primeira vez desde que um atirador talibã a atingiu na cabeça por causa de sua defesa de educação para meninas em seu blog, Yousafzai de 20 anos também contradisse críticos paquistaneses que a acusam de promover uma ideologia em desacordo com os valores islâmicos do país.

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"Tenho orgulho de minha religião, e tenho orgulho do meu país", disse ela à Reuters em uma entrevista em seu hotel nesta sexta-feira.

Vestido um lenço de cabeça pintado com uma rosa, túnica e calças - um dos muitos modelos que a família e amigos trouxeram para ela do Paquistão para o Reino Unido, onde ela estuda na Universidade de Oxford - Yousafzai disse que estava feliz de estar em casa.

"Nunca fiquei muito feliz com nada. Nunca fui tão feliz antes", disse ela, embora não discuta se recebeu autorização de segurança para visitar Swat.

"Sinto falta de tudo sobre o Paquistão... desde os rios, as montanhas, cada rua suja e o lixo em volta da casa, e meus amigos, como costumávamos fofocar e conversar sobre a vida na escola, até como brigávamos com nossos vizinhos."

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Ela disse que queria ter voltado antes, mas além das preocupações sobre segurança, havia o ritmo agitado na escola e seus exames de admissão em Oxford, onde ela começou a estudar no ano passado por um diploma em política, filosofia e economia.

Prêmio Nobel

A viagem de Yousafzai para se tornar a mais jovem vencedora do prêmio Nobel começou em uma unidade local do movimento Talibã em sua cidade natal de Swat, cerca de 250 quilômetros da capital, Islamabad, em 2007, quando ela tinha 9 anos.

O Talibã baniu televisão, música e educação para mulheres, e queimou cerca de 200 escolas, seguindo o exemplo do governo talibã de 1990 no vizinho Afeganistão, que excluiu à força as mulheres de quase todo aspecto da vida pública.

"Ainda lembro de cada momento, desde o medo de dormir à noite porque você poderia não estar vivo no dia seguinte", disse Yousafzai. "O medo de que se você está indo para a escola, alguém pode parar você e jogar ácido no seu rosto."

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Seu pai era professor em uma escola que educava garotas e conseguiu permanecer aberta até o início de 2009.

Depois que o exército paquistanês expulsou o Talibã em 2009, ela se tornou um símbolo para educação de garotas por meio de um blog que ela escreveu para o serviço Urdu da BBC, que começou enquanto o Talibã ainda estava no poder, e um documentário "Classe Dispensada", que fez seu perfil.

Isso a tornou um alvo. Em 2012, um atirador mascarado embarcou em seu ônibus escolar e atirou nela. O Talibã assumiu a condução do ataque depois por causa da promoção que ela fazia do liberalismo.

Ela foi levada ao Reino Unido para cirurgia e permaneceu for a do país desde então, escrevendo o livro best selling "Eu sou Malala" em parceria e dando início a uma fundação pela promoção global de educação para garotas.

Em 2014, ela ganhou o prêmio Nobel da Paz, em conjunto com um ativista indiano.

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