Um ensaio fotográfico indiano que mostra uma mulher sendo atacada sexualmente em um ônibus despertou lembranças do estupro em grupo que resultou na morte de uma jovem em 2012, revoltando os pais da vítima e ativistas, que exigiram uma ação contra o fotógrafo.
O ataque de 2012 gerou um inconformismo generalizado na Índia, levando a dias de manifestações contra a violência disseminada contra as mulheres e despertando questionamentos sobre o papel da mulher na maior economia do mundo.
A jovem atacada em 2012, uma fisioterapeuta de 23 anos, foi atraída a um ônibus ilegal em Nova Délhi e estuprada e torturada repetidamente por cinco homens e um adolescente, e morreu em consequência dos ferimentos.
Dos seis acusados pelo crime, um cometeu suicídio na prisão e quatro foram condenados à morte. O adolescente foi enviado a um centro correcional. As imagens do ensaio fotográfico foram feitas pelo fotógrafo Raj Shetye, de Mumbai, e publicadas nesta semana no site de fotografia Behance.
A série de imagens mostra uma mulher com roupas diferentes se desvencilhando de um grupo de jovens em um ônibus. As fotos foram retiradas do site. A mãe da jovem assassinada disse à TV Reuters que o fotógrafo debochou de sua filha e tentou ferir seus pais.
“Eles deviam ter vergonha disso. O que ele está tentando mostrar aos adolescentes e jovens da nação? Deveria ser punido. Irei apelar ao Supremo Tribunal para puni-lo, e o ensaio fotográfico deveria ser proibido”, disse.
Segundo o site de notícias Buzzfeed, Shetye teria dito só estar tentando mostrar a luta das mulheres indianas, e negou querer recriar a cena do estupro. “Sendo parte da sociedade e fotógrafo, esse tópico me comove muito”, teria declarado. “Estou em uma sociedade na qual minha mãe, minha namorada, minha irmã podem passar por isso também”.