Paraíso fiscal teve mais investimentos em 2013 que Brasil e Índia juntos

28 jan 2014 - 19h37
(atualizado às 19h38)

As Ilhas Virgens Britânicas receberam mais investimentos estrangeiros diretos no ano passado do que duas grandes economias emergentes juntas, a Índia e o Brasil, de acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira.

O arquipélago caribenho, um paraíso fiscal que, não fosse por isso, dependeria do turismo, saltou na tabela dos principais destinos de investimentos nos últimos cinco anos. Recebeu US$ 92 bilhões em divisas estrangeiras em 2013, segundo estimativas preliminares compiladas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

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Esse foi o quarto maior total de investimentos recebido em todo o mundo. A maior economia do mundo, os Estados Unidos, atraiu US$ 159 bilhões. A China, a segunda maior, captou US$ 127 bilhões, enquanto a Rússia, grande produtora de petróleo e metais, recebeu apenas US$ 2 bilhões a mais do que as Ilhas Virgens Britânicas.

Brasil e Índia ficaram mais abaixo no ranking, com US$ 63 bilhões e US$ 28 bilhões, respectivamente. Para a maioria dos países, o investimento estrangeiro direto consiste principalmente de gastos de empresas em aquisições corporativas e em novos projetos no exterior.

Quanto às Ilhas Virgens Britânicas, a maior parte do dinheiro é rapidamente transferida para dentro e fora do país ou movimentada pelas contas financeiras de grandes firmas, que a Unctad define como "corporações transnacionais" ou TNCs.

"Nas Ilhas Virgens Britânicas há algumas empresas financeiras que desempenham o papel de Tesouraria das TNCs, como uma espécie de unidade de lucros ou centro de lucros", disse o diretor da divisão de investimento e empreendimento da Unctad, James Zhan.

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"As receitas das TNCs fluem para lá basicamente de suas afiliadas estrangeiras em países com elevadas taxas tributárias", disse ele à imprensa.

O fluxo anual de investimento para as ilhas aumentou 40 por cento em relação a um ano atrás e segue uma tendência que decolou depois que a crise econômica se impôs e os governos começaram a reprimir a evasão fiscal.

Zhan disse que provavelmente o boom de investimentos nas Ilhas Virgens Britânicas não deverá continuar no mesmo ritmo porque os órgãos reguladores estão determinados a deter tais fluxos.

"A médio ou longo prazo consideramos que pode diminuir", afirmou ele a jornalistas. "Os governos estão examinando a situação e tentando reforçar seu arcabouço regulatório, tanto em nível nacional como internacional."

As principais baixas de tais regulamentações provavelmente serão os fluxos financeiros das grandes empresas, disse ele, acrescentando que a Unctad está elaborando um estudo para mostrar qual será a dimensão do impacto.

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Os fluxos contínuos para as Ilhas Virgens Britânicas, as quais a Unctad se referia previamente como paraíso fiscal, provavelmente manterão a região sob o microscópio do G20, grupo formado pelas principais economias do mundo, que já disse querer pôr pressão em "jurisdições não-cooperativas".

O G20 pediu à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico que lidere os esforços de contenção da evasão fiscal internacional, e o fórum de transparência fiscal da OCDE apontou as Ilhas Virgens Britânicas como um dos cinco países que não atenderam aos padrões internacionais de transparência fiscal.

Segundo a Unctad, o fluxo global total de investimento estrangeiro direto aumentou 11%, para US$ 1,46 trilhão em 2013. A previsão é de um aumentar para US$ 1,6 trilhão em 2014 e US$ 1,8 trilhão em 2015.

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