Peng Shui: e-mail desperta dúvida sobre paradeiro de tenista chinesa que acusou político de assédio

Desde denúncia, feita nas redes sociais e agora excluída, ela não apareceu publicamente

18 nov 2021 - 12h18
(atualizado às 20h06)

O presidente da Associação de Tênis Feminino (WTA) questionou a veracidade de um e-mail divulgado pela imprensa estatal chinesa atribuído à tenista Peng Shuai, de 35 anos.

Desde denúncia, feita nas redes sociais e agora excluída, ela não apareceu publicamente
Desde denúncia, feita nas redes sociais e agora excluída, ela não apareceu publicamente
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A estrela do tênis não havia se manifestado desde que fez acusações de agressão sexual contra um alto funcionário do governo chinês, duas semanas atrás. No e-mail, Peng supostamente diz que as alegações "não são verdadeiras".

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Steve Simon, presidente da WTA, disse que a mensagem serviu para o deixar ainda mais preocupado com a segurança de Peng.

"Tenho dificuldade em acreditar que Peng Shuai realmente escreveu o e-mail que recebemos ou acredita no que está sendo atribuído a ela", disse ele em um comunicado divulgado na quarta-feira (17/11).

Supostamente escrito por Peng e divulgado pela emissora estatal chinesa CGTN, o e-mail diz que a tenista não está perdida nem insegura, acrescentando: "Acabei de descansar em casa e está tudo bem."

Mas muitos usuários nas redes sociais duvidam da autenticidade da mensagem.

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Peng - ex-tenista número um no ranking de duplas - não se pronunciou desde a publicação de uma acusação que fez sobre estupro contra o ex-vice-premiê Zhang Gaoli, de 75 anos, na rede social Weibo (Twitter chinês), no início deste mês.

Na postagem, agora excluída, ela afirmou que os dois tiveram um "relacionamento" extraconjugal intermitente durante vários anos, que Zheng teria tentado manter em segredo.

Peng disse que Zhang parou de contatá-la depois que ele subiu na hierarquia do Partido Comunista, e que a certa altura ele expressou preocupação de que ela pudesse gravar seus encontros.

Cerca de três anos atrás, acrescentou ela, Zhang a convidou para jogar tênis com ele e sua esposa e depois a abusou sexualmente em sua casa. "Nunca consenti naquela tarde, chorando o tempo todo", escreveu.

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Zhang foi vice-premiê da China entre 2013 e 2018 e era um aliado próximo do líder da China, Xi Jinping.

Desde a postagem, Peng não apareceu publicamente. Seu paradeiro é desconhecido.

Enquanto isso, autoridades chinesas lutam para impedir que as acusações se espalhem, com censores online até mesmo bloqueando a palavra "tênis".

O caso de Peng desencadeou reações no mundo do esporte, com pronunciamentos da WTA e outras personalidades.

No início desta semana, o tenista número um do mundo, o sérvio Novak Djokovic, disse que esperava que Peng estivesse bem, acrescentando que estava chocado. A japonesa Naomi Osaka expressou preocupação sobre o paradeiro de Peng.

Reagindo ao e-mail publicado na quarta-feira, o presidente da WTA, Steve Simon, disse que a mensagem que recebeu "apenas aumenta minhas preocupações quanto à segurança e paradeiro dela".

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"A WTA e o resto do mundo precisam de provas independentes e verificáveis de que ela está segura", disse ele.

Ele também reiterou que sua denúncia de agressão sexual deve ser investigada "com total transparência e sem censura".

"As vozes das mulheres precisam ser ouvidas e respeitadas, não censuradas nem ditadas", acrescentou.

Peng é uma figura proeminente no tênis chinês. Ela ganhou dois Grand Slams em Wimbledon em 2013 e o Aberto da França de 2014, ambos ao lado de Hsieh Su-wei, de Taiwan.

Sua acusação contra Zhang é o incidente de maior visibilidade no movimento #MeToo da China e ocorre apenas alguns meses antes de o país sediar as Olimpíadas de Inverno.

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