O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, assumiu um tom conciliatório nesta quinta-feira após conversar com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, sobre a execução iminente de dois australianos condenados por tráfico de drogas.
Abbott disse ter conversado com seu "amigo" na quarta-feira à noite, acrescentando que o líder indonésio "entende absolutamente nossa posição... e eu acho que ele está considerando cuidadosamente o posicionamento da Indonésia".
Widodo negou clemência a 11 condenados no corredor da morte, incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte e dois australianos, elevando as tensões diplomáticas em meio a reiterados pedidos de clemência.
Abbott irritou Jacarta anteriormente ao estabelecer ligações entre os pedidos de clemência dos dois australianos e a ajuda da Austrália à Indonésia após o tsunami no oceano Índico em 2004. Jacarta respondeu alertando que ameaças não fazem parte da linguagem diplomática.
"A ocorrência da conversa foi um sinal positivo", disse Abbott a jornalistas em Canberra. "É um sinal da profundidade da amizade entre Austrália e Indonésia."
Abbott não quis dar detalhes sobre a conversa.
"Não quero levantar esperanças que possam vir a ser desapontadas", disse ele. "Quero garantir que, até onde é humanamente possível, estou me expressando em nome dos australianos e pelos valores australianos, mas também tenho que respeitar e defender as amizades da Austrália."
O procurador-geral da Indonésia, o general H.M. Prasetyo, disse nesta quarta-feira que as execuções, a serem conduzidas por pelotões de fuzilamento, não seriam postergadas ou canceladas em face da pressão diplomática. Ele se negou a especificar a data das execuções.
Na terça-feira, um tribunal de Jacarta descartou a apelação dos dois australianos, Myuran Sukumaran, de 33 anos, e Andrew Chan, de 31, contra a rejeição de Widodo aos pedidos de clemência presidencial.
Widodo, que recebeu ligações de autoridades de Brasil, França e Holanda nesta semana – todos com cidadãos condenados à morte na Indonésia – advertiu a esses países para que não interfiram em assuntos relacionados à soberania de seu país.
A Indonésia executou o brasileiro Marco Archer, também acusado por tráfico de drogas, no mês passado.