O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, visitou nesta quinta-feira o polêmico santuário de Yasukuni, em Tóquio, exatamente um ano depois de assumir o cargo. O local é considerado pelos vizinhos chineses e sul-coreanos como um símbolo do militarismo japonês.
O santuário presta homenagem, entre outros, aos militares que dirigiram a invasão japonesa à China (1931-45) e que foram condenados por crimes de guerra após a derrota do Japão. O premiê disse que sua visita, no entanto, foi um compromisso para que nunca mais pessoas voltem a sofrer em guerras.
Abe, que também foi chefe de governo entre 2006 e 2007, disse que não foi a intenção “ferir os chineses ou sul-coreanos”. Foi a primeira visita ao santuário de Yasukuni de um primeiro-ministro em exercício desde 2006.
"É um mal-entendido pensar que esta visita significa venerar criminosos de guerra. Não se trata disso. Simplesmente fui ao santuário apresentar meus respeitos por causa do meu primeiro ano no cargo", disse Abe após realizar uma breve oração no interior do recinto.
"Orei pelo descanso daqueles que perderam sua preciosa vida pelo Japão na guerra", acrescentou antes de assegurar que não tem intenção de incomodar países vizinhos como China e Coreia do Sul com a visita.
"Com minha decisão queria mostrar meu propósito de que o Japão nunca volte a participar de nenhuma guerra", afirmou o primeiro-ministro do Japão, que ressaltou que se esforçará para conseguir que Pequim e Seul "possam entender o objetivo desta visita".
China e Coreia do Sul condenam visita
Luo Zhaohui, funcionário do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que o Japão “deve arcar com as consequências” pela visita, e que o ato causa um "grande dano aos sentimentos dos povos asiáticos", além de dificultar as relações bilaterais.
O porta-voz do Ministério, Qin Gang, disse por meio de comunicado divulgado poucos minutos após a visita que a China “protesta fortemente e condena seriamente os atos do líder japonês”. “A essência das visitas de líderes japoneses ao santuário de Yasukuni é glorificar a história de agressão militar do Japão e seu período colonial”, completou.
Para o ministro da Cultura, Esporte e Turismo da Coreia do Sul, Yoo Jin-Ryong, o ato do premiê japonês foi deplorável e anacrônico, e danificou os laços entre os dois países. Um funcionário do governo sul-coreano, por sua vez, advertiu que a visita terá "grandes repercussões diplomáticas".
"O Japão sabe quão grandes serão as repercussões diplomáticas da visita de seu primeiro-ministro ao santuário de Yasukuni", declarou à agência local Yonhap a fonte governamental de Seul, à espera que o Ministério das Relações Exteriores anuncie oficialmente ainda nesta quinta sua postura e possíveis medidas.
Em abril deste ano, a Coreia do Sul chegou a convocar o embaixador do Japão após a visita de ministros e mais de 100 parlamentares japoneses ao santuário. Na ocasião, o primeiro vice-ministro das Relações Exteriores, Kim Kyou-Hyun, recordou ao embaixador Koro Bessho "o imenso sofrimento" que o Japão provocou aos países que colonizou no século XX, entre eles a Coreia, e combateu durante a II Guerra Mundial.
Santuário de Yasukuni
Situado no coração de Tóquio, o santuário Yasukuni presta homenagem aos cerca de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos nas guerras modernas, entre eles 14 militares condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a II Guerra Mundial.
Entre eles figura o general Hideki Tojo, primeiro-ministro do Japão durante o ataque a Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941, que provocou a entrada dos Estados Unidos na guerra.
Com informações da AFP, BBC e EFE