O governo da China, por meio do secretário-geral adjunto da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, Li Fei, ratificou nesta segunda-feira em Hong Kong que não haverá sufrágio universal no território em 2017.
Opositores anunciaram manifestações e greves neste mês em protesto contra a medida.
Li foi para Hong Kong para explicar hoje com detalhes como será a reforma aplicada nas eleições para o novo chefe do executivo de Hong Kong em 2017, decisão que as autoridades de Pequim anunciaram ontem.
A medida, aprovada por unanimidade pelo Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular, permite que só dois ou três candidatos, escolhidos por maioria de uma comissão especial formada por 1.200 membros, poderão se candidatar e serem eleitos por votação popular em 2017.
Os eleitores poderiam "se confundir" com muitos candidatos para escolher, explicou Li. "Pode ser que o povo não entenda suas posturas ou quais foram suas conquistas", acrescentou.
No entanto, a nova reforma eleitoral deve ser ratificada pelo Conselho Legislativo de Hong Kong (Legco), que conta com uma maioria prodemocrática e cujos membros já anunciaram que votariam contra uma medida contrária ao sufrágio universal.
Li advertiu hoje que, se ocorrer um boicote no parlamento local, a reforma eleitoral seria paralisada e a eleição realizada por meio do atual sistema, que não permite a participação direta do eleitorado.
Fora da sala onde Li explicava a decisão de Pequim, a polícia empregou gás de pimenta para dispersar ativistas que tentavam entrar no local de onde tinham sido retirados pouco antes.
Entre um público de mil convidados, cerca de cem ativistas escutaram Li Fei com cartazes pedindo democracia e bandeiras da era colonial britânica, interrompendo em várias ocasiões o discurso com gritos contra o governo chinês, até serem escoltados para fora do lugar.
Alex Chow, secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong, organização a favor do sufrágio universal, anunciou hoje que milhares de universitários iniciarão uma greve em meados deste mês para protestar contra a decisão do governo chinês.
O movimento prodemocrático "Ocuppy Central", que agrupa vários partidos políticos, sociais e estudantis a favor da instauração do sufrágio universal sem restrições em Hong Kong, anunciou que a "era de desobediência civil" tinha começado na região.