A Tailândia amanheceu neste sábado em relativa calma no segundo dia depois do golpe de Estado militar, que mantém a ex-primeira-ministra Yingcluck Shinawatra, vários ex-ministros e os líderes dos protestos sob custódia em um recinto do Exército.
Yingluck, assim como responsáveis do governo deposto e pessoas ligadas à família Shinawatra, foram intimados ontem a comparecer em um clube militar de Bangcoc e depois levados em caminhonetes para várias bases das Forças Armadas e casas controladas pelo Exército.
Os soldados, que patrulham as ruas com seus fuzis de assalto M16, também detiveram ontem à noite várias pessoas que se manifestaram contra do golpe, inclusive o editor de uma revista local.
Ainda era possível ver algumas pessoas e bares abertos em Bangcoc depois do toque de recolher, entre 22h e 5h locais, mas as ruas estavam em sua maioria vazias.
O chefe do Exército, Prayuth Chon-Ocha, que ontem se autoproclamou primeiro-ministro, decretou o golpe na quinta-feira depois de considerar que as tentativas para um acordo entre o Executivo interino e os manifestantes antigovernamentais fracassaram.
Uma junta militar presidida por Prayuth controla a direção do país e repartiu vários ministérios entre cinco generais, incluídos os de Defesa, Interior, Relações Exteriores, Indústria, Finanças, Meio Ambiente, Cultura e Justiça.
Apesar de o Exército ser considerado neutro politicamente, os militares anunciaram um processo de reformas que podem durar um ou dois anos antes de novas eleições, uma decisão similar às reivindicações dos manifestantes antigovernamentais.
Pelo menos 28 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas nos protestos que começaram em outubro. Os manifestantes chegaram a ocupar ministérios, a sede do governo e boicotaram as eleições de fevereiro.
O chefe do Exército disse que assumiu o poder para evitar uma escalada da violência e evitar enfrentamentos entre os grupos antigovernamentais e os partidários do governo e da família Shinawatra, os chamados "camisas vermelhas".
A crise tailandesa vem desde o golpe de 2006 contra o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que vive no exílio em Dubai, nos Emirados Árabes, para evitar uma condenação de dois anos de prisão por corrupção.
Thaksin, irmão de Yingluck, e seus aliados ganharam todas as eleições no país desde 2001, mas, exceto em uma ocasião, todos os mandatos foram finalizados por ordens da Justiça ou pronunciamentos militares. A Tailândia sofreu 12 golpes militares desde o fim da monarquia absoluta em 1932.