A Comissão Eleitoral da Tailândia pediu nesta quinta-feira o adiamento das eleições legislativas previstas para 20 de julho, após a morte de três manifestantes em um ataque contra um acampamento na capital Bangcoc.
As mortes desta quinta-feira provocam temor de uma explosão da violência. As três vítimas elevam para 28 o número de mortes em seis meses de crise política.
Duas granadas foram lançadas durante a madrugada contra um acampamento de manifestantes perto do Monumento à Democracia, um dos pontos de protestos dos opositores. Tiros foram ouvidos após as explosões.
"A primeira vítima foi um manifestante que dormia no Monumento à Democracia. A segunda foi um guarda que faleceu em consequência dos ferimentos por tiros recebidos", disse à AFP o policial Wallop Prathummuang.
A clínica médica Erawan anunciou que recebeu outra vítima fatal e 23 feridos.
Depois de semanas de relativa calma, a oposição afirma estar na 'reta final' da luta contra o governo interino instaurado depois da recente destituição da primeira-ministra Yingluck Shinawatra.
Os 'Camisas Vermelhas', movimento que reúne os partidários do governo, que são muitos entre a população rural do país, advertem para o risco de guerra civil no caso de tentativa de derrubar o Executivo.
O pedido de adiamento feito pela comissão eleitoral agrava a situação. "As eleições de 20 de julho não são mais possíveis, devem ser adiadas", afirmou o secretário-geral da comissão, Puchong Nutrawong.
Um grupo de manifestantes invadiu o edifício no qual o organismo celebrava uma reunião.
Os manifestantes da oposição não aceitam as legislativas e acampam em vários locais de Bangcoc, especialmente diante da sede do governo, pois não reconhecem o primeiro-ministro interino Niwattumrong Boonsongpaisan, ligado a Yingluck.
As mortes desta quinta-feira aumentam o conflito entre os simpatizantes do governo e os opositores, que desejam que o presidente do Senado, conhecido pela oposição ao partido governante, nomeie um primeiro-ministro "neutro". Inicialmente desejam um golpe de Estado do exército.
Os opositores acusavam Yingluck de ser uma marionete do irmão Thaksin Shinawatra, ex-primeiro-ministro derrubado pelos militares em 2006 e que, desde então, vive no exílio.
Os manifestantes são apoiados pelas elites monárquicas da Tailândia, que consideram o "clã Shinawatra", vencedor de todas as eleições legislativas desde 2001, uma ameaça para a Casa Real.