Tailândia: militares libertam chefes dos Camisas Vermelhas

Movimento apoiava governo deposto e integrantes foram detidos na semana passada; exército pediu que os libertados assinem documento comprometendo-se a desistir de qualquer atividade política

28 mai 2014 - 10h18
<p>Nattawut Saikuar, um líder "camisa vermelha", acena para a mídia depois de ser libertado pelo exército em Bangcoc, nesta quarta-feira, 28 de maio</p>
Nattawut Saikuar, um líder "camisa vermelha", acena para a mídia depois de ser libertado pelo exército em Bangcoc, nesta quarta-feira, 28 de maio
Foto: Reuters

Os chefes dos Camisas Vermelhas, o poderoso movimento de apoio ao governo deposto no golpe de Estado miltiar na Tailândia, foram colocados em liberdade nesta quarta-feira.

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O local de detenção se mantinha em segredo. Alguns foram detidos na semana passada, durante as negociações organizadas pelos militares entre opositores políticos, antes do anúncio do golpe.

Entre os libertados estão Jatuporn Prompan, o presidente dos Camisas Vermelhas, que teve a libertação anunciada no Facebook, e Thida Thavornset, que assumiu o comando do movimento há alguns meses.

O exército, que prendeu mais de 250 pessoas, pediu que as pessoas libertadas assinem um documento comprometendo-se a desistir de toda e qualquer atividade política.

Na terça-feira, a junta militar anunciou a libertação da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, ao mesmo tempo em que um dos ministros do governo destituído era detido durante uma coletiva de imprensa.

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Yingluck, irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra que continua a ser, apesar de seu exílio, o fator de divisão do país, se apresentou na sexta-feira ao novo regime militar, no dia seguinte ao golpe de Estado.

Desde então, nenhuma informação precisa sobre sua localização foi divulgada pelas novas autoridades.

A junta destacou que, de acordo com a lei, quase 150 manifestantes se reuniram em Bangcoc na terça-feira, desafiando a proibição de protestos.

Desde o golpe de Estado denunciado pela comunidade internacional, a junta suspendeu a Constituição, concentrando todos os poderes nas mãos do chefe do Exército, o general Prayut Chan-O-Cha. Ela também impôs um toque de recolher e restrições à liberdade de imprensa.

O novo regime recebeu na segunda-feira a aprovação do rei Bhumibol, de 86 anos, considerado por muitos tailandeses como um semideus e como o cimento de uma nação profundamente dividida.

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O respaldo do monarca é tradicionalmente um procedimento-chave para a legitimação dos recorrentes golpes militares no país: 19, entre os que tiveram sucesso e simples tentativas, desde 1932.

O golpe contra Thaksin, em 2006, marcou o início de uma série de crises, opondo de um lado as massas desfavorecidas do norte e nordeste, fiéis ao bilionário, e do outro as elites de Bangcoc que gravitam ao redor do palácio real.

O movimento lançado no ano passado contra Yingluck e o "sistema Thaksin", que seus manifestantes associam à corrupção generalizada, foi apenas o último episódio da crise no país.

Os protestos terminaram com a lei marcial declarada pelo Exército, dois dias antes do golpe.

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