Centenas de soldados e policiais tailandeses voltaram nesta sexta-feira a tomar o Monumento da Vitória em Bangcoc para impedir pelo segundo dia consecutivo os protestos contra a junta militar constituída após o golpe de Estado de 22 de maio.
As tropas de choque bloquearam a entrada ao monumento, que desde domingo passado se transformou no ponto de encontro das centenas de tailandeses que se atreviam a desafiar a lei marcial.
O lugar, normalmente cercado por trânsito intenso e vendedores ambulantes, está praticamente vazio e em silêncio, exceto pela música e pelas instruções que saíam dos alto-falantes instalados em um veículo militar.
É a mesma tensão vista na última quinta-feira, quando apenas alguns manifestantes apareceram e os soldados detiveram três deles, incluindo um cidadão belga.
Desde o levante, há mais de uma semana, os militares aumentaram seu controle com a revogação da Constituição exceto os artigos referentes à monarquia, a censura da imprensa e a detenção de opositores e dissidentes.
A construção de centros de reconciliação
A junta militar da Tailândia anunciou nesta sexta-feira que estabelecerá “centros de reconciliação” pelo país, para buscar pôr fim a uma década de divisão política que muitas vezes ocasionou episódios de violência.
Alguns apoiadores do autoexilado Thaksin, deposto por um golpe em 2006, preveem que o Exército fará reformas eleitorais e outras mudanças nos próximos meses para buscar encerrar a influência política do magnata de uma vez por todas.
Mas o Exército diz que está sendo imparcial e que políticos e ativistas de ambos os lados estão entre as mais de 250 pessoas presas desde o golpe, embora a maioria dessas pessoas fosse aliada do governo deposto da irmã de Thaksin, Yingluck Shinawatra.
A disputa entre os apoiadores do “establishment" monarquista, do qual os militares são uma parte, e da máquina política de Thaksin, que inclui a população rural mais pobre, tem polarizado o país e dividido famílias.
A junta militar disse que busca coesão nacional e “liderar a Tailândia de volta ao caminho da democracia”, e argumenta que os centros de reconciliação serão parte desse esforço.
“É o modelo de Prayuth e sua intenção é construir a paz, porque mesmo dentro de uma mesma família não se pode discutir política”, disse o coronel Banpot Poonpien, um porta-voz ligado à Isoc, uma agência militar de segurança nacional.
“Devemos trabalhar sobre como ensinar as pessoas a viverem juntas em harmonia”, disse ele a repórteres.
Segundo Banpot, Prayuth deu à Isoc a responsabilidade de montar centros de reconciliação em todas as regiões da Tailândia, mas os detalhes de onde e como esses centros vão operar ainda precisam ser finalizados.
Com informações da EFE e Reuters.