O chefe de cozinha brasileiro Aurélio Magalhães atua como voluntário das equipes de resgate no auxílio à população atingida pelo terremoto em Katmandu, capital do Nepal. Desde o final de 2013, Magalhães viaja de bicicleta pela Ásia para conhecer a gastronomia da região e registrar em fotos sua façanha, com seu projeto intitulado “Da China para Casa by Byke”.
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Ele chegou a capital um dia antes do tremor e pretendia seguir com sua volta dias depois.
Sensibilizado com os estragos do terremoto, decidiu adiar a viagem e ficar mais alguns dias no país para ajudar no socorro às vítimas da catástrofe. Porém, ele já sentiu o quanto este trabalho será difícil.
"Trabalho voluntário interrompido! Uma forte chuva, seguida de trovoadas, cai em Katmandu agora”, afirmou em mensagem postada em sua página no Facebook, às 13h28 de terça-feira (28) no Nepal, madrugada no Brasil.
Na mensagem, Magalhães relatou a situação: “A população carente de saneamento básico fica ainda mais exposta a riscos e doenças. Os desabrigados que agora vivem em tendas improvisadas em parques e terrenos da cidade, estão expostos ao vendaval e à chuva de granizo que cai em algumas regiões".
E continua: "Hoje fiz um trabalho bastante importante de profilaxia espalhando bactericidas em locais com grande concentração, sem saneamento básico, tentando conscientizar as pessoas a manterem o lixo e principalmente restos de alimentos em locais específicos", disse. "É um trabalho duro, pois a população mais carente tem dificuldade de entendimento da importância deste ato. Há muito lixo, é resto de comida espalhados por todos os lugares. Muitas moscas e ratos".
Noite do terremoto
O chef brasileiro contou que escapou por pouco do tremor. “Estava em uma casa distante do centro de Katmandu, com construções mais seguras, mas um muro quase caiu em nossas cabeças. Com o tremor, você não consegue se segurar. É uma situação de impotência, que nunca senti na vida. Você pensa que vai morrer e não pode fazer nada”, conta.
“Pedalo há tanto tempo, atravessei países, fronteiras, e o momento de maior perigo da minha vida foi fora de uma bicicleta”. Magalhães conta que só no dia seguinte, quando decidiu ir ao centro de Katmandu pôde sentir a dimensão do terremoto. “Muita destruição”.
No site de seu projeto Magalhães divulga um vídeo feito por ele em um dos pontos turísticos de Katmandu. “Há seis anos eu estava lá, sentado, registrando o movimento em fotos. Quando cheguei, vi que estava tudo destruído. É uma sensação de tristeza”, disse.
O chefe de cozinha contou que estava havia três dias sem dormir e que encerraria o contato pela internet para poder se recuperar e ganhar forças para continuar o trabalho com as equipes de resgate na próxima quarta-feira (29).
Ao contrário de muito moradores de Katmandu, que ainda dormem nas ruas com medo de novos tremores, Aurélio Magalhães iria dormir na casa de um professor americano, que o abriga em na cidade.
Sobre o terremoto
O terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal no sábado (25) provocou mais de quatro mil mortes e muitos danos materiais, causando também avalanches que soterraram acampamentos de alpinistas no Everest. O tremor, que teve seu epicentro a cerca de 80 quilômetros de Katmandu, ocorreu por volta do meio-dia local (3h11 de Brasília) e durou entre 30 segundos e dois minutos.
Na capital nepalesa, o terremoto derrubou edifícios, especialmente os antigos, incluindo templos e monumentos. A torre Dharahara, uma importante atração turística, se transformou em escombros. Os efeitos do tremor chegaram até as montanhas do Himalaia e também na Índia e na China, onde provocaram a queda de edifícios e a morte de dezenas de pessoas, de acordo com autoridades locais. Foram registradas diversas réplicas do terremoto, entre 4,2 e 6,7 graus.