O líder norte-coreano Kim Jong-un mais uma vez não compareceu a uma cerimônia de Estado em Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, informou a televisão estatal KCTV, dando continuidade assim a um afastamento de mais de um mês da cena pública.
A Coreia do Norte, caracterizada pelo extremo culto à personalidade de seus dirigentes, lembrou hoje os 17 anos de nomeação do falecido ex-líder Kim Jong-il como secretário-geral do Partido dos Trabalhadores com uma convenção na capital, que foi transmitida pela KCTV.
As imagens da emissora norte-coreana exibiam os altos funcionários de Pyongyang, como Kim Yang Gon, secretário do partido único, mas o grande destaque foi à ausência de Kim Jong-un, comentado pela imprensa da Coreia do Sul, pela TV pública "KBS".
Meios de comunicação sul-coreanos e internacionais estão agora aguardando a presença ou não de Kim Jong-un no 69º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, um dos eventos mais esperados deste fechado país que será realizado na sexta-feira.
O jovem líder supremo, cuja idade é calculada em 30 ou 31 anos, não aparece em público desde o último dia 3 de setembro, quando assistiu ao show do grupo feminino Moranbong Band, em Pyongyang. Na ocasião, ele apareceu mais obeso e estava mancando. Por causa disso, aconteceram boatos de que Kim Jong-un estaria muito doente e, inclusive, isso teria sido causado pelo excesso de queijo na dieta.
De qualquer forma, a ausência midiática norte-coreana é incomum já que o aparelho propagandístico do regime costuma divulgar e elogiar com frequência as atividades de seu líder. O fato tem gerado diversas especulações sobre seu paradeiro e estado de saúde.
Altos representantes de Pyongyang garantiram no último fim de semana que Kim Jong-un "não tem problemas de saúde", embora a extrema opacidade que rodeia o regime norte-coreano impede que esta afirmação seja confirmada.
Mas, além das conspirações em torno de seu estado de saúde, surgiu agora uma dúvida sobre a possibilidade de Kim Jong-un ter sofrido um golpe de Estado, tendo sido deposto por um grupo veterano de militares que apoiavam seu pai. A pergunta "conspiratórioa" surgiu com força em Seul, durante os Jogos Asiáticos (no qual a Coreia do Norte se destacou com diversas medalhas) e contou com a presença dos números 2 e 3 do país para representarem o líder.
Para especialistas, o sumiço de um mês de Kim Jong-un, assim como o da sua mulher, somados à viagem, ao mesmo tempo, de duas autoridades abaixo do presidente para visitas fora do país é bastante incomum e poderia representar, sim, que algo maior esteja acontecendo no país.
Outro argumento usado sobre a possibilidade do golpe é de que Kim Jong-un já não estaria sendo respeitado e obedecido pelos militares, já que em apenas 15 meses, mudou o chefe do Exército por três vezes, substituiu quase metade dos 218 militares de alta patente e oficiais administrativos.
De acordo com o Financial Times, o Exército do país não sofria tanto tumulto desde o final dos anos 1950, quando seu avô, Kim Il Sung, fracassara na Guerra da Coreia. Para Bruce Bechtol, estudioso da regição, os expurgos constantes de civis seniores e oficiais-generais ao longo dos últimos anos é a prova da incapacidade de Kim para consolidar sua posição no topo do sistema político.
"Altos funcionários do Partido e militares da Coreia estão cada vez mais se opondo às políticas ou ignorando as ordens de seu líder, levando aos rumores de que o controle sobre o país está enfraquecendo", observou o Chosun Ilbo, o jornal mais lido na Coreia do Sul, no final de julho.
Ainda não é certo o que estaria acontecendo na Coreia do Norte e, sendo um dos - ou o regime mais fechado do mundo, qualquer cenário é plausível.
Com informações da EFE, CNN e Daily Beast.